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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

 

LITERATURA INFANTIL: UMA ALIADA PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA POR MEIO DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

 

          Flávia Cristine Fernandes Souto

            

A leitura é uma via de acesso ao conhecimento que subsidia a compreensão da realidade. Importante destacar que a leitura não inicia com as palavras impressas. Muito antes de aprender a ler palavras a criança lê o mundo ao seu redor, ao interpretar gestos, falas e tom de voz de seus familiares, símbolos presentes em embalagens e brinquedos, ícones em aparelhos eletrônicos, cores, formas, ilustrações e canções, entre tantos outros exemplos possíveis. Mais do que um ato mecânico, a leitura exige atenção às múltiplas linguagens que a permeia, as entrelinhas e as nuances da vida. A complexidade dessa leitura de mundo está presente também no ato de ler e compreender textos escritos.

Para desenvolver o gosto pela leitura entre as crianças, uma proposta possível é a literatura infantil. Por meio dessa leitura, em tese, a criança viaja para lugares distantes, por vezes irreais, conhece culturas diferentes e de outros tempos, se coloca no lugar dos personagens, compartilha seus sentimentos, medos, angústias e alegrias, desenvolvendo a capacidade de ver o mundo sob outras perspectivas.

Esse movimento cognitivo da criança se colocar no lugar do personagem de uma determinada história pode ser, também, explorado no trabalho com a resolução de problemas matemáticos. Nessa perspectiva, a ação da criança de colocar-se como protagonista da história, favorece o desenvolvimento de suas habilidades de compreender o problema; identificar conceitos matemáticos nele envolvido; traduzi-los para uma linguagem matemática; e elaborar estratégias resolutivas na busca de uma solução para o problema.

No ensino de matemática por meio da resolução de problemas a leitura e a matemática se entrelaçam. A habilidade de compreender um determinado problema é tão importante quanto o conhecimento de conceitos matemáticos. A falta de compreensão do texto de um problema é, não raras vezes, uma barreira que impede que a criança desenvolva resoluções plausíveis e encontre a solução esperada.

Nessa lógica, utilizar a literatura infantil como pano de fundo para problemas matemáticos é uma abordagem didática produtiva, pois apresenta a matemática em situações contextualizadas, ainda que imaginárias, de forma prática e divertida. Histórias que envolvem mistérios numéricos a serem solucionados por detetives, pirata que busca seu tesouro conforme dicas de orientação e localização, príncipe e princesa que organizam suas roupas seguindo uma sequência de cores e tamanho, personagens mirins que combinam seus lanches de diferentes formas, por exemplo, apresentam de maneira lúdica conceitos matemáticos como números e operações, orientação e localização no espaço, sequência, classificação e combinatória.  


Fontes da imagem: Agência Gov – EBC; e Cola da Web 


Ao utilizar uma literatura infantil como contexto para os problemas, o ensino de matemática afasta-se de uma abordagem abstrata, com ênfase no treino de regras, e aproxima-se de situações cotidianas, com espaço para reflexões, construção de estratégias resolutivas próprias e generalizações, tornando o aprendizado mais significativo. Ademais, estimula o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático da criança, de sua autonomia e habilidade de mobilizar conceitos matemáticos para resolver problemas.

Conectar uma boa história à resolução de problemas colabora, de forma lúdica, para o desenvolvimento de habilidades de leitura e do raciocínio lógico-matemático, pois cria um ambiente de aprendizado rico e estimulante. É uma oportunidade de mostrar que a matemática pode ser mágica, cheia de aventuras e mistérios, como qualquer conto de fadas. 


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Flávia Cristine Fernandes Souto: é mestre em Teoria e Prática de Ensino pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com foco em Educação Matemática. Professora e pedagoga na Gerência de Currículo da Rede Municipal de Ensino de Curitiba.

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

MESTRADO E DOUTORADO EM TEORIA LITERÁRIA DIVULGAM CRONOGRAMA COMPLETO E CADERNO DE RESUMOS DO SEMINÁRIO DE PESQUISA


Acesse o Caderno de Resumos do evento e o encarte completo de nosso Seminário (com cronograma e links de acesso às salas virtuais).

Encarte com cronogramahttps://drive.google.com/file/d/1oX-Dc-cPedaEdaSEAW-6XuKNe4BSmCL5/view?usp=sharing


Caderno de Resumoshttps://drive.google.com/file/d/1gcySkdy-_akBY5eYL71hZfwTkhN3CnWe/view?usp=sharing 





terça-feira, 30 de setembro de 2025

 

A PRÁTICA DE LEITURA NA LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O PAPEL DA LITERATURA NA AMPLIAÇÃO DO REPERTÓRIO DE MUNDO

 

Rosa Maria Bariquelo

 

As práticas de leitura na Educação Infantil, juntamente com a escolha dos livros de literatura, partem inicialmente da exploração de diversos títulos literários. Essa escolha considera o conceito de bibliodiversidade, que envolve uma variedade de títulos, editores, formatos, ilustradores, autores e idiomas disponíveis para crianças, para que elas possam compreender o mundo a partir de diferentes pontos de vista e culturas. 

Um exemplo de trabalho de mediação literária foi a exploração do livro Carona, de Guilherme Karsten, com a turma do Pré (crianças de 4 anos). Pronto para uma aventura à beira-mar, um surfista coloca sua prancha no carro e parte animado para pegar umas ondas, mas acaba encontrando um mergulhador indo carona, seguido por um herói, um jacaré e até um ladrão.

  

Crédito da Imagem: Companhia das Letras.

  

Durante a mediação, apresentei o livro desde a capa até a contracapa, destacando o autor, o ilustrador e utilizando a entonação da voz para provocar as crianças a expandirem seu vocabulário e compreenderem seus usos e possibilidades. A mediação brinca com os elementos do objeto, trazendo as ilustrações e os personagens, além das rimas, uma construção linguística interessante para que as crianças percebam as nuances da reprodução sonora. A história progressiva ajuda a entender a construção narrativa com vários personagens e o final divertido com o lobo.

As propostas de leitura na Educação Infantil também podem ser ampliadas por meio de brincadeiras musicais com textos musicais; livros de diversos gêneros, formatos e autores; brincadeiras com palavras; contação de histórias, que difere da leitura tradicional; leitura compartilhada em voz alta, que permite às crianças acompanhar o processo, ouvir e interagir; e o uso de quadrinhos, um gênero textual diferenciado.

Essas práticas podem se estender às práticas de escrita, como a escrita espontânea, o papel da professora como escriba e a criação de espaços de escrita nos cantos de atividades variadas. Assim, a mediação de leitura se configura como um instrumento essencial para despertar a curiosidade, cultiva a imaginação e fortalecer o vínculo das crianças com o mundo das palavras e das histórias.

 

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Rosa Maria Bariquelo é Professora de Educação Infantil e trabalhou na Secretaria Estadual de Educação do Paraná  – SEED/PR, de 1994 a 2007. Desde 2008  é servidora da Secretaria Municipal de Ensino de Curitiba.

 

terça-feira, 23 de setembro de 2025

 

MEU CAMINHO LITERÁRIO: DA INFÂNCIA À VIDA ADULTA

 

Maira Ferreira dos Santos Veiga Paluch


Crédito da Imagem: desenvolvida pela Perplexity AI, gerada a partir do conteúdo fornecido. 


Desde criança, a leitura sempre foi uma companheira inseparável na minha vida. Lembro-me com clareza dos livros de infância que marcaram minha história, como "Os Três Porquinhos", "A Princesa e a Ervilha", "Branca de Neve" e "Cinderela". Cada leitura era uma aventura, uma oportunidade de me imaginar dentro das cenas, vivendo as emoções e os conflitos dos personagens. Essa capacidade de me transportar para dentro das histórias se manteve ao longo dos anos, tornando a leitura uma experiência mágica e envolvente, seja ao ler um livro ou ao ouvir uma história contada. Eram mundos inteiros que se abriam para mim.

 

Durante a adolescência, minha paixão pela leitura se aprofundou e se diversificou. Passei a explorar diferentes temas, sempre buscando novidades que despertassem minha curiosidade. Fiquei fissurada por contos de terror e suspense, devorando livros desse gênero onde cada página virada era um friozinho na barriga. Depois, me apaixonei por histórias de vampiros, especialmente de autores como André Vianco. Minha paixão pelo mistério também ganhou força, e um dos meus livros favoritos foi Anjos e Demônios, de Dan Brown, que me fez adorar desvendar enigmas e tramas intrincadas. Ainda tive minhas fases de leitura romântica, que me proporcionaram momentos de delicadeza e emoções intensas.

 

Hoje, embora minha rotina seja mais corrida e eu leia menos do que gostaria, o amor pela leitura continua vivo dentro de mim. Sei que cada livro, independentemente do gênero, traz aprendizados e amplia nossos horizontes, estimulando a imaginação, a criatividade e o conhecimento. Meu desejo é retomar essa prática com mais frequência, pois acredito que a leitura é uma das melhores formas de crescimento pessoal e de conexão com o mundo. Para mim, os livros são verdadeiros tesouros que guardo com carinho e que sempre me ensinam algo novo.

 

 

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Maira Ferreira dos Santos Veiga Paluch é formada em Ciências Contábeis pela PUC-PR e trabalha há mais de 15 anos na área de RH, atuando como analista de Departamento Pessoal.

terça-feira, 9 de setembro de 2025

 

LER É VIVER: O MUNDO COM E SEM PALAVRAS

 

Patrícia Fiori Manfré


A experiência da leitura é fantástica, ainda que seja dolorosa e que revele situações inusitadas. O fato é que sem a leitura nossa vida fica sem cores. Mesmo àqueles que ainda não adquiram as habilidades necessárias para decodificar os símbolos alfabéticos, realizam a leitura de outras formas.

A interpretação de cores, imagens, e expressões corporais, também se configuram como leitura. Ir ao cinema, visitar exposições em museus, feiras e até caminhar por ruas decoradas ou somente observar a paisagem, já estamos exercendo nossas habilidades de ler o mundo e de interpretar suas mensagens.

Contudo se exercitamos o hábito de ler frequentemente ampliamos nossas possibilidades de desenvolvimento pessoal e profissional. Além de adquirirmos novos conhecimentos, acrescentamos novas experiências que nos trazem maior poder de decisão, análise e consequentemente melhores escolhas.

A leitura nos proporciona conhecer sobre culturas, tradições, sociedades e nos abre um mar de possibilidades de investigação, descobertas e muitas vezes no oriente em relação as nossas necessidades ou dúvidas. Ter acesso a livros é como ter acesso ao mundo a poucos centímetros de distância.


Crédito da Imagem: <https://br.freepik.com/imagem-ia-gratis/dia-internacional-da-educacao-em-estilo-de-desenho-animado_94953427.htm>Imagem de freepik</a>


Quando decidimos investir em livros e em cultura, investimos em nós mesmos, pois, é como comprar uma roupa nova, experimentar novos sabores, respirar ar puro e se divertir com amigos. Poder partilhar o que lemos é ainda mais libertador, pois nos conecta com pessoas, com lugares e sentimentos de ter feito a escolha certa, ter lido.

Viver uma boa vida, passa pela experiência de ler bons textos, sejam eles escritos ou não. O contato com novos lugares, novas situações e com pessoas diferentes, ainda que tenhamos pouco tempo para isso, é um mergulho profundo em nossa essência humana de nos conectar com o que é belo, mas ao mesmo tempo feio, pois a definição de um ou de outro está nos olhos de quem vê, por meio das leituras que realizou antes. Por tanto, sejamos leitores, não apenas espectadores, pois ler é viver. 

 

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Patrícia Fiori Manfré: é doutoranda em Teoria Literária pela UNIANDRADE. É professora, pedagoga e psicopedagoga. Atualmente é servidora na Rede Municipal de Ensino de Curitiba.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO 




Atenção, pesquisadores e autores da Literatura!

A Revista Scripta Alumni está com chamada aberta até 28/9/25!

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

 COMO UMA HISTÓRIA DE DOIS MUNDOS PODE SE TRANSFORMAR EM UM MUNDO DE HISTÓRIAS?

         

Liliane Assumpção Oliveira

 

No mundo infantil, celebrar as diferenças é fundamental para mantermos um ambiente acolhedor e respeitoso para todos. Neste sentido, é importante promover práticas inclusivas, que incentivem o respeito às diferenças, sejam elas, físicas, culturais, sociais ou de habilidades. Sugere-se aqui, como um recurso de literatura infantil, o livro Tibi e Joca: uma história de dois mundos, escrito por Cláudia Bisol, para despertar uma reflexão nas crianças em relação à inclusão, e mais precisamente, em relação à comunidade surda.


Créditos da imagem: <https://pt.scribd.com/document/638571115/Tibi-e-Joca-Uma-Historia-de-Dois-Mundos-Claudia-Bisol-Surdez>


O livro conta a história de dois amigos, Joca que é surdo e Tibi, ouvinte. É uma narrativa baseada na concepção da pessoa surda como uma diferença cultural e não como uma deficiência, apresentada de forma a valorizar o letramento visual dos surdos, ou seja, com o uso de recursos como cores vibrantes, ilustrações chamativas e pouco texto. Essas características fazem do livro uma excelente ferramenta para o trabalho com crianças, mesmo as bem pequenas. Além disso, o tema é abordado por meio da representação de sentimentos como amizade, respeito e amor, de um jeito simples, mas emocionante.

Diante disso, a obra é inspiradora e ajuda a mostrar às crianças que a empatia e o conhecimento, além da inocência infantil, são pontes para relações sadias e sem julgamentos. Crianças são naturalmente curiosas, e por meio da narrativa do livro, pode-se despertar e cultivar valores de aceitação e respeito à diversidade, permitindo que aprendam com as diferenças.

Um trabalho que pode ser desenvolvido em sala de aula, pode partir da contação da história ou da leitura da obra e que abriria um leque de propostas pedagógicas divertidas e envolventes com vistas à inclusão de surdos. A fase inicial, após o primeiro contato com o livro, pode se dar por uma leitura compartilhada, nas qual as crianças sintam-se livres para expor comentários e perguntas. Depois, em um momento de conversa, o trabalho seria voltado a análise da história, com reflexões sobre o que aprenderam e como se sentiram. Ainda em uma perspectiva lúdica, pode-se usar de recursos como dramatizações ou representações gráficas, como desenhos, para que as crianças possam apresentar suas percepções sobre o aprendizado. Também sugere-se que os professores apresentem algumas palavras do cotidiano em Libras, visando a compreensão da forma específica de comunicação dos surdos. Para isso, existem diversos materiais e recursos tecnológicos que podem ajudar. Por fim, as crianças seriam desafiadas a inventar suas próprias histórias, inspiradas na obra de Tibi e Joca, podendo ser uma continuação, uma versão diferente ou uma criação inédita, com temas relacionados, valendo ainda a ampliação do espectro para outras características individuais, deficiências ou não.

A depender da idade das crianças e nível da turma, o professor pode registrar essas histórias, servindo de escriba, por meio de vídeos nos quais as crianças contam suas histórias, por meio da escrita propriamente dita ou desenhos, e ao final, esta coletânea pode ser apresentada aos pais e para as demais turmas da escola.  Que tal?

 

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Liliane Assumpção Oliveira é mestranda em Educação. Atua como coordenadora do Curso de Licenciatura em Letras (Libras) e Professora da UNINA. É vice-diretora do Colégio Estadual Para Surdos Alcindo Fanaya Júnior e sócia-diretora do Centro de Educação Infantil Brincar de Aprender. Também é tradutora e intérprete de Libras certificada pelo ProLibras-MEC.