Luiz Zanotti*
Um dos mais importantes
eventos literário/culturais ocorrido na contemporaneidade aconteceu na década
de 1950, tendo como um dos principais expoentes o escritor Jack Kerouac. Na
época quando a linha principal de conduta moral seguia o que se classificou
como “mito americano do sucesso” que predicavam uma existência voltada para o
objetivo da acumulação de renda, e portanto respeito, através do trabalho árduo
e da determinação. Este
conceito é muito próximo ao da ascese intramundana de Max Weber, que prediz o privilegio
ao trabalho e acaba negligenciando o relacionamento familiar, levando à falta
de atenção e carinho para com os filhos.
Neste contexto, Kerouac faz
declarações retratando indivíduos desviante
como heróis, como a afirmação que faz em On the Road (1957) em que transforma um ladrão
de carros e vigarista como um novo tipo de santo americano. Assim, numa época
em que ensinamentos zen-budistas eram considerados propaganda comunista, a luta
de Kerouac para tornar vigaristas e desordeiros em heróis estava fadada a
surpreender os críticos e preocupar o FBI.
As características principais
da geração beat são as rupturas e inovações radicais em arte, ciência,
espiritualidade,filosofia e estilo de vida; a diversidade; a comunicação
verdadeira e aberta e profundo contato interpessoal, bem como generosidade e a
partilha democrática dos instrumentos; a perseguição pela cultura hegemônica de
subculturas contemporâneas; e o exílio
ou fuga.
A reação do “status quo” a
esse novo desenho fez com que a
escritora americana Caroline Bird dissesse em um artigo na Harper’s Bazaar, em
1957, que “Não é possível entrevistar um hipster porque o seu principal
objetivo é se manter fora da (...) sociedade”.
O estilo de vida beat “se
referia a um estilo de vida aventureira adotado pelos que, sem eira nem beira,
andavam à deriva pelas estradas da América em busca de aventura,
aproveitando-se do “American Way of Life”. Eduardo Bueno8 comenta
que foi Kerouac “quem havia dado ressonância e expandira o significado da palavra
beat, que escutara pela primeira vez na boca de Herbert Huncke, marginal
homossexual que fazia ponto em Times Square, NY, e que aparece brevemente em On
the Road sob o nome de Elmer Hassel”.
O estilo literário beat de Kerouac,
Ginsberg e Burroughs tinham muitos pontos em comum. Todos eram radicais quanto
à revelação de pensamentos íntimos e/ou aspectos da realidade, eles utilizavam
algo semelhante ao fluxo de consciência como método, algo para superar qualquer
impulso no sentido de cautela e da autocensura.
. Seguindo a linha dos estudos de cultura, o
presente projeto busca verificar o processo de construção da subjetividade em romances
e poemas pertencentes a fase da literatura americana conhecida como geração
beat. A literatura beat que se
estabelece no cenário da década de 1950, com um dos seus mais importantes
poetas, Jack Kerouac retratando indivíduos desviantes como heróis, tais como
uma personagem que era ladrão de carros e vigarista. Mas a geração beat também
trabalha a idéia de um novo tipo de santo americano, assim um marginal era tido
como uma pessoa importante frente ao. Na contramão desta ideologia, os beats
trabalharam em suas obras ensinamentos zen-budistas, que na época, eram
considerados como propaganda comunista.
Dentro
desta idéia, estamos çançando um projeto cujo objetivo é analisar como os beats
trabalharam para tornar vigaristas e desordeiros em heróis, modificando o
conceito do mito do sucesso americano, ou seja:
1.
Problematizar
as relações de poder entre a contracultura e o “american way of life” na
formação do sujeito.
2.
Investigar
o conceito de indústria cultural e sua aplicação no contexto da análise da
criação artística literária.
3.
Reflexão
sobre a a subjetividade nos autores da geração beat.
4.
Explorar
as estratégias que nortearam o trabalho da escrita dos escritores da geração
beat.
5.
Investigar
como se processa o encontro entre a literatura e a sociedade nos textos destes
autores.
6.
Discutir
a obra de Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Gregorio Corso, Willian Burroughs,
entre outros em relação a prosa espontanea.
*Professor do Mestrado em Teoria Literária da Uniandrade.
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