“O nascimento de Vênus: transposições inter- e intramidiáticas
para a arte e cultura brasileiras da contemporaneidade”
Sigrid Renaux
Este trabalho foi apresentado como parte do painel “Intermidialidade: produções
culturais no Brasil”, coordenado pela profa. Thais Nogueira Diniz da UFMG, no 12º
Congresso Internacional da Associação de Estudos Brasileiros (BRASA: Brazilian Studies Association). A BRASA
é um grupo interdisciplinar e internacional de acadêmicos que apoia e promove
os estudos brasileiros em todas as áreas do conhecimento e ao redor do mundo. O
congresso, realizado entre 20 e 23 de
agosto de 2014 no King´s College em Londres, reuniu mais de 900 participantes. Segue
um resumo de minha apresentação:
A transposição intersemiótica – a recriação de um
texto em código diferente – tornou-se não apenas um procedimento muito usado na
arte contemporânea, mas também se tornou, consequentemente, objeto de intenso
debate crítico nas concepções atuais de intermidialidade. Lembrando-nos de que
a função de releituras intermidiáticas pode ser tão diversificada quanto a
própria natureza dessas traduções/recriações, esta pesquisa tem como objetivo
discutir as transposições inter- e intramidiáticas de O nascimento de Venus para a arte e cultura brasileiras da contemporaneidade.
Partindo do poema Teogonia
(700 a.C.) de Hesíodo –
http://www.sacred-texts.com/cla/hesiod/gtheo.htm |
esta pesquisa concentra-se então em discutir as recriações desta obra
renascentista na tela modernista O
nascimento de Venus (1940) de Di Cavalcanti
e no quadro Monica no nascimento
de Venus (1992) do cartunista Maurício de Souza:
em Di Cavalcanti, a mistura de elementos míticos tradicionais com
mulatas, como personificações de figuras míticas modernistas brasileiras; em Maurício
de Souza, o desenho humorístico da “turma da Mônica” substituindo as figuras
míticas originais a fim de introduzir as crianças ao mundo da arte clássica.
Usando como referenciais teóricos textos de Claus
Clüver, Solange Ribeiro de Oliveira, Jan Mukarovsky e Irina Rajevski, entre
outros, essas recontextualizações nos fazem perceber não apenas o processo de
transposição inter- e intrasemiótico – do texto para a pintura e para o cartum
– mas também como as diversas percepções da pintura “original” de Vênus em
épocas e contextos diferentes enfatizam características importantes de
manifestações estéticas e culturais brasileiras.
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