ADAPTAÇÃO
DE OBRAS LITERÁRIAS PARA O CINEMA
Amanda Ferreira Cilião – Curso de Letras (5.º Período)
Programa
de Iniciação Científica
Centro
Universitário Campos de Andrade – UNIANDRADE
Curitiba,
Paraná, Brasil
Orientadora:
Profa. Brunilda Reichmann, PhD
Segundo Jean Epstein em
O cinema e o diabo,
a partir dos anos 80
leitores não são mais vistos como agentes passivos, mas como criadores de
significado para o texto. Essa ideia pode ser aplicada também ao espectador. O texto
só fala aos sentimentos através do filtro da razão. As imagens da tela
limitam-se a fluir sobre o espírito da geometria para, em seguida, atingir o
espírito de refinamento (EPSTEIN, 1983, p. 294).
As adaptações fílmicas
estão muito mais presentes do que a maioria dos telespectadores acredita.
Partindo do ponto que ler um livro e assistir um filme são duas experiências
completamente diferentes, é comum que a história original não seja retratada
integralmente e isso pode não agradar ao público leitor.
Na realidade um filme pode ter várias
leituras, dependendo da sensibilidade do espectador, pois o filme admite
metáforas e símbolos e é necessário o espectador entender mais do que apenas o
conteúdo aparente da imagem para poder compreender todo o seu significado.
(MARTIN, 2003, p. 92)
Partindo do pressuposto
que o filme e o livro são mídias diferentes, respeitando esse aspecto, já é o
primeiro passo para aceitar a nova obra. Mesmo sendo uma adaptação o filme é
uma nova obra. Existem adaptações que não são bem aceitas pelo público e outras
que são um verdadeiro sucesso. Romeu e
Julieta (1996), dirigido por Baz Luhrmann, usa genialmente o texto original
de Shakespeare, assim como Forrest Gump,
O curioso caso de Benjamin Button, filmes diferentes dos livros, mas que
conseguiram contar de forma magistral a história, contextualizar e emocionar
tanto ou mais que o livro. Os filmes adaptados que são um sucesso levam os
telespectadores que não leram o livro a procurá-lo pela ansiedade de saber mais
sobre aquela história. O Senhor dos Anéis
é um exemplo disso.
O filme O Senhor dos Anéis pode ser assistido
como uma obra em si, sem ter lido os livros, pois é possível entender o
contexto e a história assistindo os filmes. O mesmo pode ser dito de O Hobbit. Mesmo o filme sendo aclamado
pela sua proximidade com a obra foram omitidos personagens e capítulos inteiros.
Mídias divergentes que
embora dialoguem entre si, passam por um processo diferente de composição. Para
escrever o roteiro de um filme adaptado, o escritor deve fazer uma imersão na
obra fonte. É um processo longo e complexo e pode levar anos para ser
finalizado. A insatisfação dos telespectadores vem do fato que nem toda obra
pode ser adaptada e, além do mais, nem toda cena pode ser adaptada. No filme Adaptação (2002), dirigido por Spike Jonze, Nicolas Cage interpreta Charlie
Kaufman o irmão gêmeo. Esse filme é um exemplo do processo e da imersão do
roteirista na história.
Mesmo
sendo uma prática habitual, não existe uma “receita” para escrever um roteiro
que se transformará em um filme de sucesso. A aceitação do espectador é variada
e a proximidade com o livro não garante a qualidade do filme adaptado.
REFERÊNCIAS
EPSTEIN,
J. O cinema do diabo. In: XAVIER, Ismail (org). A experiência do cinema: antologia. Trad. Marcelle Pithon. Rio
de Janeiro: Edições Graal: Embrafilme, 1983.
MARTIN,
M. A linguagem cinematográfica. Trad.
Paulo Neves. São Paulo: Brasilisense, 2003.
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