O ARTESÃO DE MEMÓRIAS
Bruno Truiti
Meu nome é Bruno Truiti, sou o idealizador da empresa Artesão de Memórias, cujo trabalho é imortalizar, na forma de livros, memórias de pessoas “comuns”.
Sou natural do estado do Paraná, tenho 39 anos e uma origem familiar bastante diversa. Engenheiro florestal de formação, tive ofícios dos mais variados desde a adolescência e, desde quando comprei uma pequena câmera filmadora em 2007 — durante o breve tempo em que vivi nos Estados Unidos —, venho entrevistando pessoas, inicialmente, apenas com o intuito de “preservar um pouquinho delas” para o futuro.
Fonte: Imagem cedida pelo autor do texto.
Entre 2007 e 2011, levei a sério esse hobby de curiosidade e urgência, ao longo do qual entrevistei dezenas de pessoas — em geral idosas e com uma história interessante para contar. Durante o tempo que morei na Irlanda, conversei com alguns amigos sexagenários e septuagenários sobre tempos mais duros, sombrios e violentos no país, que obrigaram muitos a tentar uma vida melhor em outros países, principalmente na Inglaterra, onde a recepção a eles era longe de ser amigável.
Em Portugal, tive a oportunidade de passar dez dias na terra natal de um avô meu, uma aldeia de apenas 18 habitantes — todos já relativamente idosos, localizada no extremo Norte da província do Minho. Durante esse tempo, vivi a rotina daquelas pessoas, trabalhando e comendo junto a eles e, com algum esforço de convencimento, consegui captar em filme alguns relatos interessantíssimos sobre suas histórias e memórias, alguns dos quais remetiam ao tempo em que meu avô, seus pais e irmãos ainda moravam lá.
De volta ao Brasil, continuei na busca de histórias interessantes para guardar, desde veteranos e outras testemunhas dos horrores da Segunda Guerra Mundial até agricultores semianalfabetos que lavravam a terra nos recantos mais profundos do Paraná.
Eis que, em 2011, tive a ideia de transformar esse hobby em um trabalho, nascendo, então, a empresa Artesão de Memórias, cuja proposta era, além de realizar entrevistas — como eu já vinha fazendo por anos —, preservar estes relatos na forma de livros.
Fonte: Imagem cedida pelo autor do texto.
“Será que existe um mercado para isso?”, pensei. Na verdade, não existia. Foi preciso, portanto, criá-lo. E é isso que venho fazendo ao longo dos últimos 13 anos, não sem cometer muitos erros pelo caminho.
Meus primeiros três ou quatro clientes foram amigos que, além de realmente achar a ideia interessante, com certeza quiseram me dar uma força. Pude, então, a preços bastante módicos, realizar preciosos registros das memórias de seus avós. É verdade que hoje, lendo esses primeiros livros, já como um profissional mais traquejado, tenho vontade de refazê-los, mas posso afirmae com orgulho que fiz o melhor que pude no tempo certo. Esses primeiros narradores já se foram todos, mas suas memórias são agora imortais.
Nos anos posteriores fui, aos poucos, conquistando novos horizontes. O boca a boca foi, por muito tempo, meu principal aliado, e também tive a sorte de sair em matérias muito bem redigidas nos jornais Tribuna de Minas e O Globo, o que também me ajudou a conquistar clientes em terras mais distantes. Superando aos poucos meu medo de "parecer inconveniente”, apresentei minha ideia a incontáveis pessoas, ouvi muitos nãos, fui criando uma tolerância à rejeição — inerente ao trabalho de vendas de qualquer serviço, quanto mais um tão inusitado quanto o meu —, fui persistente e me mantive positivo entre os altos e baixos.
Em treze anos de trajetória, escrevi mais de quarenta livros, fiz muitos amigos para a vida toda e aprendi muitas lições valiosas, a principal das quais é a perspectiva. Nada como ouvir as histórias de vida dos heróis anônimos da “geração silenciosa” para percebermos os privilégios da nossa vida moderna. Sigo, então, transformando os mais variados tipos de histórias em livros, para que as gerações vindouras possam conhecer melhor como foram as vidas dos seus antecessores.
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Bruno Truiti é o fundador da empresa Artesão de Memórias (https://www.instagram.com/oartesaodememorias/) e atua no mercado editorial há mais de 13 anos.
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