SIGRID RENAUX
Da
intertextualidade à intermidialidade: o leão como personagem polivalente e
polisígnica na literatura e no cinema.
Os estudos de
intermidialidade, oferecendo reflexões sobre as relações entre as diversas
artes – literatura, teatro,
cinema e outras mídias –
continuam a instigar professores e
alunos a novas descobertas tanto na
transposição de textos literários para novas
mídias, como na reflexão sobre a função
que essas múltiplas expressões do contemporâneo exercem sobre
leitores/espectadores. Dentro desta perspectiva, apresentamos, no CIFALE II (II
Congresso Internacional da Faculdade de
Letras da UFRJ: línguas, literaturas, diálogos), como integrante do Simpósio
“Intermidialidade: ensino e pesquisa”, o trabalho “Da intertextualidade à
intermidialidade: o leão como personagem polivalente e polisígnica na
literatura e no cinema”. Participaram também deste mesmo seminário as
professoras Anna Camati, Brunilda Reichmann, Mail Marques de Azevedo e o
professor Luiz Roberto Zanotti, entre outros.
O trabalho apresentado
propôs-se a analisar a figura polivalente e polisígnica do leão como personagem no conto “A vida curta e feliz de Francis
Macomber” (1935) de Ernest Hemingway, no romance A confissão da leoa de Mia Couto (2012) e nos clássicos
infantís O mágico de Oz (1939) de Frank Baum e Crônicas
de Nárnia (especificamente no conto “O leão, a feiticeira e o guarda
roupa”)(1956) de C.S.Lewis. Esta análise serviu de embasamento para discutir
como essas narrativas – com exceção do
romance de Mia Couto – foram transpostas, especificamente, para o cinema,
como recriador midiático e portanto como novo difusor cultural. O
objetivo seria verificar como se dá, no texto e na tela, o resgate da humanidade deste animal, que, em todos esses textos e
filmes é apresentado em sua individualidade
animal e simultaneamente humana –
seja na descrição do leão ferido observando o caçador,
em Hemingway, no confronto das personagens com as feras, em Couto,
na personalidade do leão covarde que almeja ser corajoso ao acompanhar Dorothy
à procura do mágico de Oz, em Baum, e na ajuda que o poderoso leão Aslam dá aos
irmãos Pevensie para derrotar a bruxa e devolver a paz ao mundo de Nárnia, em
Lewis. Pela exiguidade de tempo de
apresentação, limitamo-nos a apresentar os episódios do conto de Hemingway
relacionados à caça ao leão e sua adaptação fílmica em “The Macomber Affair”. Nossa
leitura intertextual e intermidiática, levando a um discurso dialógico e
intercultural que apontou para novas possibilidades de se refletir sobre o
animal e o humano, teve como apoio teórico textos de Claus Clüver, Solange Ribeiro de Oliveira,
Irina Rajewski, Thais Nogueira Diniz, Márcia Arbex e outros que se
fizeram necessários.
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