REVISTA SCRIPTA ALUMNI V. 27, N. 2 (2024)
https://revista.uniandrade.br/index.php/ScriptaAlumni/issue/view/186
REVISTA SCRIPTA ALUMNI V. 27, N. 2 (2024)
O ENCONTRO (2007) DE ANNE ENRIGHT E AS FASES DO LUTO
Larissa Degasperi Bonacin
A morte nada mais é do que uma etapa da vida e, consequentemente, um evento certo e inevitável. É, portanto, parte constitutiva da nossa condição humana. Contudo, mesmo que todos tenham a ciência desse fato, as experiências com a morte e o luto diferenciam de pessoa a pessoa. Para uns a morte pode estar associada a sofrimento, para outros pode significar libertação. Algumas pessoas ainda consideram que a morte não existe e para estas, a vida não é limitada pelo biológico.
Ocorre que, nem todos são ou estão preparados para vivenciar ou mesmo falar sobre a morte, pois esta, muitas vezes, evoca lembranças que preferíamos esquecer e suscita sentimentos que muitas vezes estavam escondidos e que, vindo à tona, trazem dor. Isso é o que acontece com a protagonista Verônica Hegarty do romance O encontro, da escritora irlandesa Anne Enright, após a morte do seu irmão mais próximo, Liam Hegarty. Ela será a responsável pelo traslado do corpo do irmão de Londres até Dublin para o funeral e nesse percurso ela retoma a história da família e de si própria.
O romance de Anne Enright pode ser caracterizado pela trajetória da narradora ao encontro de um sentido para sua vida a partir da morte do irmão. Mas a narrativa de Enright é angustiante, porque sincera. Porque descreve com detalhes toda sua dor, sua angústia, sua solidão, suas dúvidas. É permeada por lembranças, ora nítidas em sua memória ora ofuscadas pelo tempo, ou até fictícias, que não sabe ao certo se realmente ocorreram.
Leia o texto completo em:
https://drive.google.com/file/d/12QtXm2S8dIC4OGdBPNApS5UR4JcPgOzv/view?usp=sharing
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Larissa Degasperi Bonacin é Doutora em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre em Teoria Literária pelo Centro Universitário Campos de Andrade – UNIANDRADE. Professora de Literatura para os cursos de Letras e Pedagogia da UNIANDRADE, de 2014 a 2024. Professora do Mestrado e Doutorado em Teoria Literária da UNIANDRADE, desde dezembro de 2024.
ANAIS DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL: EDIÇÃO 2024
Acesse o arquivo completo, por meio deste link:
https://drive.google.com/file/d/11qOy6rQF6yMxERo5bzd0yOghzL-TiQCl/view
TECNOLOGIA, EDUCAÇÃO E SOCIEDADE:
UM DEBATE ATUAL E NECESSÁRIO NO II SIET-DH
Verônica Daniel Kobs
O II Seminário Internacional de Educação, Tecnologia e Desenvolvimento Humano (II SIET-DH), realizado de 10 a 12 de dezembro de 2024, na Florida University of Science and Theology (FUST), abriu espaço para discussões acerca das transformações do cenário educacional, especialmente em tempos de rápidas mudanças tecnológicas. A parceria com a Uniandrade, que já se consolidou no congresso de agosto deste ano, mais uma vez se destacou, refletindo o compromisso compartilhado entre as duas instituições, a fim de promover debates significativos sobre os desafios do novo milênio.
O Seminário foi dividido em três noites de discussões intensas, cada uma abordando um tema central. Na primeira noite, a temática foi saúde e bem-estar na educação, abordando a crescente importância de criar ambientes de aprendizagem que não só favoreçam o conhecimento, mas também priorizem o cuidado com o corpo e a mente. A segunda noite tratou de políticas públicas e inclusão, um tema crucial para garantir que todas as camadas da sociedade, especialmente as mais vulneráveis, tenham acesso à educação de qualidade.
Na terceira noite, a pauta foi esta: os impactos da tecnologia digital na educação e no crescimento individual. Esse debate gerou diversas reflexões sobre como as tecnologias digitais estão reconfigurando os processos educacionais e as maneiras como nos desenvolvemos e nos relacionamos, neste novo mundo. Em uma sociedade cada vez mais conectada, a tecnologia se tornou um poderoso vetor, mas também um obstáculo a ser superado, especialmente quando pensamos no equilíbrio necessário para garantir que seu uso seja saudável e benéfico para o desenvolvimento humano.
Cartaz de divulgação da terceira noite do evento. Crédito da imagem: FUST University.
O encerramento do Seminário foi marcado pela palestra dos professores da Uniandrade, Otto Winck e Verônica Daniel Kobs, que discutiram de maneira complementar o papel das novas tecnologias na educação. A professora Verônica Daniel Kobs abordou os impactos das tecnologias sobre a sociedade e a educação, explorando os aspectos positivos e negativos do digital, e apresentou algumas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Médio. Foram ressaltadas as implicações do uso predominante de plataformas digitais no ensino, o que representa um risco significativo, afinal o ato de substituir a leitura tradicional por conteúdos digitais interfere nas capacidades de análise e contemplação. Nesse contexto, defendeu-se a ideia de que o livro impresso e a leitura analógica continuam sendo insubstituíveis, pois mantêm uma conexão com o mundo físico, além de promoverem uma relação mais orgânica e não hierárquica entre os seres humanos e o ambiente ao seu redor.
O professor Otto Winck, por sua vez, trouxe uma visão mais filosófica, abordando as perspectivas de "apocalípticos e integrados". O discurso de que a tecnologia traria o fim da sociedade ou da educação muitas vezes ignora a capacidade de integração da tecnologia com práticas pedagógicas mais tradicionais. Para reagir a isso, foi demonstrado que a chave está no equilíbrio entre as potencialidades da tecnologia e os métodos de ensino mais humanizados e críticos, sem cair no medo ou na exaltação cega da digitalização.
Desempenhando a função de debatedor, o doutorando Daniel Zanella, jornalista de formação, fez um elo entre a crítica à tecnologia e sua própria vivência no campo da Comunicação. Em sua fala, foi mencionado o conceito de brain rot, palavra eleita em 2024 pela Oxford para descrever o fenômeno da degradação cognitiva promovida pela exposição excessiva e superficial às tecnologias digitais. Nesse sentido, também foram retomadas algumas críticas do filósofo Edgar Morin, que questiona o impacto da digitalização na capacidade de reflexão profunda e no pensamento crítico. Por fim, Zanella ressaltou o valor do impresso como modo de motivar uma abordagem mais analítica da informação, em oposição à rapidez e à superficialidade dos meios digitais.
Crédito das imagens: YouTube
O evento, que fortaleceu a parceria recente entre a FUST e a Uniandrade, foi uma excelente oportunidade para aprofundar a discussão sobre o papel da tecnologia na educação, ressaltando tanto seus benefícios quanto os desafios que ela impõe. Para aqueles que não puderam participar ou desejam revisitar as reflexões apresentadas, é possível acessar as palestras e o debate da última noite no YouTube, por meio deste link: https://www.youtube.com/watch?v=JT_lNbrwCSU.
Finalizamos este registro com nossos sinceros agradecimentos à FUST University, aqui representada por algumas menções especiais: ao magnífico reitor, Prof. Dr. Washington Luiz Martins da Silva; ao coordenador, Prof. Dr. Fábio Alves Gomes; ao organizador e anfitrião, Prof. Dr. Matusalém Alves Oliveira; e às professoras Juliana Almeida e Ana Vitória Imperiano, que não poupam esforços na organização impecável. A acolhida, o incentivo e a gentileza da FUST, aliados à promoção do saber e da troca de conhecimento constante, são as principais marcas, em todas as atividades que realizamos juntos.
Também agradecemos aos alunos e professores da Uniandrade e da FUST, pela presença e pelo engajamento. Sem dúvida, a parceria entre as duas instituições continuará a ser consolidada e, no II SIET-DH, defendemos a importância de um futuro educacional mais inclusivo, inovador e humanizado.
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Verônica Daniel Kobs: Pós-Doutorado em Literatura e Intermidialidade (UFPR). Professora e pesquisadora de Literatura e Tecnologia Digital. Coordenadora dos cursos de Mestrado e Doutorado em Teoria Literária da UNIANDRADE. Idealizadora do blog Sarau Literário.
O LEGADO DO VAMPIRO
Verônica Daniel Kobs
Dalton Trevisan
ame-o
ou deixe-o.
A palavra do Senhor contra a cidade de Curitiba no dia de sua visitação.
[...].
O que fugir do fogo não escapará da água, o que escapar da peste não fugirá da espada, mas o que escapar do fogo, da água, da peste e da espada, esse não fugirá de si mesmo e terá morte pior.
O relógio da Praça Osório marca a hora parada do dia de sua visitação.
[...]
Os ipês na Praça Tiradentes sacolejarão os enforcados como roupa secando no arame.
[...]
No rio Belém serão tantos os afogados que a cabeça de um encostará nos pés de outro, e onde a cachaça para mil e um velórios? [...]
A espada veio sobre Curitiba, e Curitiba foi, não é mais.
Não tremas, ó cidadão de São José dos Pinhais, nem tu, pacato munícipe de Colombo, a besta baterá voo no degrau de tuas portas. Até aqui o juízo de Curitiba.
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Verônica Daniel Kobs: Pós-Doutorado em Literatura e Intermidialidade (UFPR). Professora e pesquisadora de Literatura e Tecnologia Digital. Coordenadora dos cursos de Mestrado e Doutorado em Teoria Literária da UNIANDRADE. Idealizadora do blog Sarau Literário.
O ARTESÃO DE MEMÓRIAS
Bruno Truiti
Meu nome é Bruno Truiti, sou o idealizador da empresa Artesão de Memórias, cujo trabalho é imortalizar, na forma de livros, memórias de pessoas “comuns”.
Sou natural do estado do Paraná, tenho 39 anos e uma origem familiar bastante diversa. Engenheiro florestal de formação, tive ofícios dos mais variados desde a adolescência e, desde quando comprei uma pequena câmera filmadora em 2007 — durante o breve tempo em que vivi nos Estados Unidos —, venho entrevistando pessoas, inicialmente, apenas com o intuito de “preservar um pouquinho delas” para o futuro.
Fonte: Imagem cedida pelo autor do texto.
Entre 2007 e 2011, levei a sério esse hobby de curiosidade e urgência, ao longo do qual entrevistei dezenas de pessoas — em geral idosas e com uma história interessante para contar. Durante o tempo que morei na Irlanda, conversei com alguns amigos sexagenários e septuagenários sobre tempos mais duros, sombrios e violentos no país, que obrigaram muitos a tentar uma vida melhor em outros países, principalmente na Inglaterra, onde a recepção a eles era longe de ser amigável.
Em Portugal, tive a oportunidade de passar dez dias na terra natal de um avô meu, uma aldeia de apenas 18 habitantes — todos já relativamente idosos, localizada no extremo Norte da província do Minho. Durante esse tempo, vivi a rotina daquelas pessoas, trabalhando e comendo junto a eles e, com algum esforço de convencimento, consegui captar em filme alguns relatos interessantíssimos sobre suas histórias e memórias, alguns dos quais remetiam ao tempo em que meu avô, seus pais e irmãos ainda moravam lá.
De volta ao Brasil, continuei na busca de histórias interessantes para guardar, desde veteranos e outras testemunhas dos horrores da Segunda Guerra Mundial até agricultores semianalfabetos que lavravam a terra nos recantos mais profundos do Paraná.
Eis que, em 2011, tive a ideia de transformar esse hobby em um trabalho, nascendo, então, a empresa Artesão de Memórias, cuja proposta era, além de realizar entrevistas — como eu já vinha fazendo por anos —, preservar estes relatos na forma de livros.
Fonte: Imagem cedida pelo autor do texto.
“Será que existe um mercado para isso?”, pensei. Na verdade, não existia. Foi preciso, portanto, criá-lo. E é isso que venho fazendo ao longo dos últimos 13 anos, não sem cometer muitos erros pelo caminho.
Meus primeiros três ou quatro clientes foram amigos que, além de realmente achar a ideia interessante, com certeza quiseram me dar uma força. Pude, então, a preços bastante módicos, realizar preciosos registros das memórias de seus avós. É verdade que hoje, lendo esses primeiros livros, já como um profissional mais traquejado, tenho vontade de refazê-los, mas posso afirmae com orgulho que fiz o melhor que pude no tempo certo. Esses primeiros narradores já se foram todos, mas suas memórias são agora imortais.
Nos anos posteriores fui, aos poucos, conquistando novos horizontes. O boca a boca foi, por muito tempo, meu principal aliado, e também tive a sorte de sair em matérias muito bem redigidas nos jornais Tribuna de Minas e O Globo, o que também me ajudou a conquistar clientes em terras mais distantes. Superando aos poucos meu medo de "parecer inconveniente”, apresentei minha ideia a incontáveis pessoas, ouvi muitos nãos, fui criando uma tolerância à rejeição — inerente ao trabalho de vendas de qualquer serviço, quanto mais um tão inusitado quanto o meu —, fui persistente e me mantive positivo entre os altos e baixos.
Em treze anos de trajetória, escrevi mais de quarenta livros, fiz muitos amigos para a vida toda e aprendi muitas lições valiosas, a principal das quais é a perspectiva. Nada como ouvir as histórias de vida dos heróis anônimos da “geração silenciosa” para percebermos os privilégios da nossa vida moderna. Sigo, então, transformando os mais variados tipos de histórias em livros, para que as gerações vindouras possam conhecer melhor como foram as vidas dos seus antecessores.
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Bruno Truiti é o fundador da empresa Artesão de Memórias (https://www.instagram.com/oartesaodememorias/) e atua no mercado editorial há mais de 13 anos.
O BIBELÔ
Camila Marchioro
Naquele momento sua essência aparente se reduzia a uma pequena e frágil estátua de madeira muito bem adornada com detalhes em pedras preciosas cuidadosamente embutidas no lugar de seus olhos. Era, para sua mãe, um bibelô estático e qualquer desvio na sua natureza alinhada de ornamento era severamente punido. Mas, ainda assim, havia nele qualquer coisa de vivo. Perfeito na sua dedicação de enfeite, passava desapercebido pelos olhares mecânicos dos que transitavam pelas prateleiras da vida.
A sua mãe lhe dera as ordens de vestir as roupas limpas e seu pai tentava a todo custo que entendesse as palavras de um livro, mas mensagens lhe chegavam desconexas e, por dentro da casca fina que formava o recamo de sua aparência, uma sombra triste se levantou.
Numa manhã, o vento fresco bateu à janela enquanto cores pasteis sublinhavam a linha dos olhos de muitas crianças dentre as quais o Bibelô se comportava uniformemente. Como doía qualquer coisa que lhe escapava o entendimento. As cores da sua retina de pedras raras gritavam. Encolhido dentro do ovo que o continha, talvez tenha até chamado por ajuda, sozinho, completamente.
Na noite daquele dia, uma chuva azul caída de um céu negro invadiu seus sonhos nos quais uma mulher lhe repetia palavras sobre fazer a sua própria cama. Bibelô, então adoeceu de febres quentes que lhe sobrevinham às ideias, curvando-se sobre o próprio estômago. Que ânsia essa a que vinha assim na madrugada em meio aos sonhos? Eram mesmo seus, os sonhos?
Não se podia entender e a mãe brigava, dizia a si coisas inexatas enroladas num sem carinho e lufadas de ventos soltos pelas cortinas do quarto. Então a chuva azul virou uma tempestade, um granizo branco e grande quebrou sua janela. A doença se agravava, a mãe não o compreendia. Apartado, aos poucos, pareceu que começava a sentir. Assim, na ideia de um discurso que inventava e dizia a si próprio, foi que arrumou a própria janela, em pensamento, durante outra grande febre em meio à sua doença cheia de vento. Sentia doer sua mão.
Esperava nos minutos contados a hora de curar-se. Os dias passaram lentos, o pediatra veio. Os rostos dos pais e do médico se alternavam sob sua cama. Aos poucos, mas ainda febril, pode voltar à escola.
Fiel ao papel de estátua e caminhava fingindo ser ainda igual. Ia lento pela rua, uma pequena tosse, enquanto sua mãe o via da janela. De cabeça baixa, ensimesmado, ia ao lado de outras crianças que lhe diziam: ser homem, crescer de tamanhos todos e seguir os passos do pai. Mas e a casca? O ovo? Seria o si mesmo uma cópia estreita de outros homens já feitos antes dele... seria ele um antigo artefato repetido? Um bom produto, apenas? E assim caminhava vazio e quem isso pensava era já gente de grandes idades, porque dentro dele, muito escondido, havia um homem hipotético que lhe ditava regras e, às vezes, questionava o mundo. Esse homem pensava coisas sobre o bibelô que ainda era, coisas como: ia mesmo conseguir ser o que a mãe esperava? E carregou a culpa dos ventos, do pai e da mãe, dos vidros quebrados, ainda um resto de tosse.
O dia comum, banal, a mesma brisa fria de sempre na qual cheiros de pasteis de feiras anteriores vinham de carona, cheiro de meninas adocicadas e também um estranho desejo de ser anjo.
Na sala de aula, um livro se abriu diante dele e já não sabia mais ler! Olhou para uma força de úteros. Sentiu afeto, não entendia, o machucado na mão já esquecido agora doía intermitente e o chamava. Sua mão tomou forma senhoril, era grande, maior do que podia controlar. Uma raiva lhe sobreveio – aquele carinho não era seu, queria afeto e sentiu-se desentendido. Queria chorar, todavia, seu projeto de futuro não o permitia. A mãe, o que diria do seu Bibelô que chorava em frente a estranhos? Por isso, não derramou lágrima e foi apenas uma sombra toda triste que saiu pela sua mão numa violenta forma.
Quebrou-se.
Já não era mais ele ainda o sendo. Os anjos dançaram terríveis, viu um rosto formar-se e tinha raiva. Tão logo voltou a si, era outro. Não podia conceber, sentiu-se estranho, talvez carinho? Teve medo da sua casca quebrada, seu terno de homem futuro caiu rasgado no são ante seus pés. Ouviu veludos e, na sua vulnerável e mole essência de caramujo sem casa, soube-se querido. Chorou.
Via anjos em gentes, filas, nomes, números empilhados e, sobre as janelas, imensas perguntas. Alguém tinha que ter lhe contado antes! Corria pelas salas, corredores e, nas refrações das luzes que penetravam pelos pequenos espaços de vidro, percebeu uma passagem. Aproximou-se curioso, as maçãs coradas, ainda ofegante, entupido de choro, a professora metros atrás, atrapalhada nas próprias pernas.
Ele então se agachou para ver o feixe entre a luz e a sombra projetada pelo detalhe da janela. Ali, viu uma letra, a primeira: agarrou-a para si. Era difícil, ela lutava empalamada. Ele sentia escorregar uma gota salina pela testa. Força, muita força, quando a gota chegou à boca, foi que sentiu o gosto de seu próprio sal pela primeira vez. Ofegante, sentou-se agarrado à primeira letra de seu nome. Com as pernas esticadas ao chão, escorado em uma parede fria, a professora de pé na sua frente, soube-se, sozinho, um menino.
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Camila Marchioro é professora do Programa de Pós-Graduação em Teoria Literária da UNIANDRADE. Doutora em Letras pela UFPR, foi bolsista CAPES/PDSE 2015 na Universidade do Porto. Atua principalmente nas áreas de Literatura Brasileira e Literatura Portuguesa.
HOMENAGEM A LAURA PATRÍCIA ZUNTINI DE IZARRA
Mail Marques de Azevedo
Em Voos indeléveis pela vida e pela atividade profissional de Laura Patrícia Zuntini de Izarra, seja durante longos períodos, seja em associações temporais mais breves, buscamos memórias desse convívio para celebrar sua “imensa contribuição para a pesquisa na área de Estudos Linguísticos e Literários em Inglês,” nas palavras dos organizadores Munira Mutran, Mariana Bolfarine e Victor Pacheco. Convocados por eles, apresentamo-nos céleres, amigos, alunos, ex-alunos e colegas, todos desejosos de agradecer e de nos fazer lembrar. A publicação resultante, Voos Indeléveis, está organizada em três capítulos principais, conforme indicado na apresentação:
O primeiro, “Argentina”, descreve o desenvolvimento intelectual de Laura Izarra na Argentina, desde a infância até a sua vinda para o Brasil. O segundo, “Universidade de São Paulo”, delineia a jornada acadêmica trilhada por Laura Izarra já no Brasil, e descreve as pesquisas realizadas em seu Mestrado, Doutorado, Livre-docência e Titularidade na Universidade de São Paulo. O terceiro capítulo, “Saberes Compartilhados”, é dividido por países e é composto por contribuições de alunos, ex-alunos – muitos já como professores universitários e multiplicadores dos seus ensinamentos – e colegas, tanto de diferentes regiões do Brasil como do exterior, mostrando como as sementes plantadas por Laura Izarra se tornaram árvores frondosas cujos frutos seguem se multiplicando. Esse capítulo revela que o foco de atuação de Laura Izarra foram os Estudos Irlandeses. (2024, p. 13)
Em minha contribuição particular, que intitulei “Utopia. Diálogos. Trauma” desenvolvo um retrospecto da associação prazerosa entre mim e Laura, desde 1990, no Grupo de Trabalho Literaturas Estrangeiras da ANPOLL, e nos estudos de Pós-Doutorado sob sua supervisão, concluídos em 2016. Referência especial é feita à organização conjunta USP/UNIANDRADE de uma Jornada de Estudos Irlandeses, em nossa instituição, bem como à minha associação ao grupo de tradutores dos Diários do Amazonas, de Roger Casement.
UTOPIA, DIÁLOGOS, TRAUMA
Mail Marques de Azevedo
Conheci Laura Zuntini de Izarra, quando fui recebida no Grupo de Trabalho Literaturas Estrangeiras da ANPOLL, no ano de 2000. Fora proposta por minha colega da UFPR. Sigrid Renaux, que, a partir de então, se. tornou companheira de viagens para as reuniões periódicas – realizadas geralmente na USP – e para o encontro bianual dos GT’s, o ENANPOLL.
Doutora recente – defendera tese na USP, em 1999 – sentia-me pequena ao penetrar no inner sanctum da pesquisa literária em línguas estrangeiras no Brasil, de que faziam parte do subgrupo das literaturas em língua inglesa, Laura Zuntini de Izarra, coordenadora do GT, Munira Mutran, Maria Clara Bonetti Paro, Sônia Zinger e Sigrid Renaux. A pesquisa do biênio centrava-se no questionamento das utopias nas narrativas literárias de fim de século e resultou na publicação do volume intitulado A literatura da virada do século: fim das utopias? em 2001.
Percebi de imediato pontos de interesse comum entre a temática do GT e minha tese de doutorado que fazia uma leitura do romance The Bluest Eye, de Toni Morrison como paralelo de textos de perseguição históricos e mitológicos, nos quais um membro da comunidade, não essencial para sua sobrevivência, é escolhido como scapegoat, a fim de polarizar conflitos e restaurar a harmonia no grupo. Parti, então, para a exploração do romance Paraíso (1998), também de autoria de Morrison, no texto “Paraíso: uma nação ideal? que narra a criação de uma nação negra ideal – a cidade de Ruby, no estado de Oklahoma, na década de 1940. Determinados a nunca mais serem derrotados ou rejeitados, os descendentes masculinos dos antigos escravos libertos guardam com denodo cruel a pureza e a independência de uma Ruby de pele profundamente negra. Rígidos em suas tradições, os nascidos em Ruby não se misturam nem com brancos, nem com outros negros.
Observei especificamente a afinidade de abordagem com o texto de Laura, “Utopias e distopias nas narrativas ‘negras’ da Grã-Bretanha”, que explorava textos literários anglo-caribenhos, “como agentes de uma resistência cultural, e os [definia] como meta-utopias/ neo-utopias em ação por desconstruírem criticamente os projetos sociais utópicos que motivaram as diásporas pós-coloniais e contemporâneas” (IZARRA, 2001, p. 10. Ênfase no original). Por coincidência, nessa mesma época, passei a concentrar o interesse em pesquisas na área do pós-colonialismo, o que me levou posteriormente, em 2016, a solicitar à Laura que fosse minha supervisora no Programa de Pós-Doutorado do Departamento de Letras Modernas da FFLCH.
Múltiplos acontecimentos, porém, marcaram esse interregno de 15 anos, paralelamente às atividades no GT, muitos dos quais ligados à influência da Laura, que, em 2004, organizou a segunda publicação em sua coordenadoria, sob o título de Literaturas estrangeiras e o Brasil: Diálogos. Na introdução, Laura avalia a função e o alcance das literaturas estrangeiras no Brasil citando Antonio Candido que afirmara, por ocasião de um congresso da ABRALIC, que “estudar literatura brasileira é estudar literatura comparada, porque a nossa produção foi sempre tão vinculada aos exemplos externos que insensivelmente os estudiosos efetuavam as suas análises ou elaboravam os seus juízos tomando a estes como ponto de reparo” (CANDIDO, citado em IZARRA, 2004, p. 7). Laura complementa, porém, com grande propriedade, que
[...] esse comparatismo, que validava a literatura produzida num território geográfico não europeu, marcou também os caminhos das diferenças e distanciamento dos textos-modelo iniciando a crítica um processo de afirmação da identidade de uma escrita nacional. (IZARRA, 2004, p. 7)
É à Laura que devo uma das experiências mais impactantes de minha atividade como estudiosa da língua inglesa e de suas literaturas: o convite para participar da tradução dos relatos diários escritos por Roger Casement, quando cônsul-geral britânico no Brasil, em duas viagens ao alto Amazonas, em 1910 e 1911, para investigar denúncias de atrocidades contra os índios. As viagens visavam especificamente os estabelecimentos da Peruvian Amazon Company, empreendimento que envolvia a Grã-Bretanha. Casement tinha esperanças de encontrar as coisas parcialmente toleráveis, durante sua estada no Putumayo, e de salvaguardar o futuro, uma vez que a administração estava nas mãos da Companhia e de seus agentes mestiços, incapazes de tratar com justiça as dóceis tribos da floresta. A crueldade contra os indígenas, no entanto, assumia proporções criminosas. Acompanhar as reflexões de Casement sobre o sofrimento dos silvícolas, sobre a dignidade de sua postura e sobre a injustiça que os vitimava é uma experiência inesquecível, que nos leva a refletir sobre os níveis de degradação moral a que pode chegar o ser humano.
O lançamento do Diário da Amazônia de Roger Casement. editado por Angus Mitchell, com organização de Laura P. Zuntini Izarra e Mariana Bolfarine foi solene envolvendo representantes do governo da Irlanda. Mariana Bolfarine coordenara a tradução, de que participamos eu mesma, Mail Marques de Azevedo, e Maria Rita Drumond Viana. Senti-me eufórica em tomar conhecimento da experiência inolvidável de um humanista e desolada com seu trágico final de vida.
Os frutos do trabalho de tradução se multiplicaram. Por solicitação da Laura, na época presidente da ABEI, assumimos a promoção da IV Jornada de Estudos Irlandeses de 2015, em nossa instituição, a UNIANDRADE. Com a assessoria direta das alunas da Laura, na USP, Camila Batista.e Mariana Bolfarine, encarregadas de receber os resumos e estruturar as apresentações. Os Anais do evento, organizados pela Coordenadora do Curso de Mestrado em Teoria Literária da UNIANDRADE, professora Brunilda Reichmann, atingiram um total de 49 trabalhos em 540 páginas.
O ápice do que recebi profissionalmente de Laura, porém, foi a conclusão dos estudos de pós-doutorado com o trabalho A Pós-Colonialidade na Literatura Indiana em Língua Inglesa do Século XXI, na Visão de Rukmini Bhaya Nair. Embora não tenha sofrido os efeitos da diáspora, que atinge a maior parte dos escritores pós-coloniais, a escritora indiana Rukmini Bhaya Nair, que escreve na língua do colonizador, nos dá em seus ensaios uma visão de dentro dos efeitos do colonialismo sobre a psique do sujeito pós-colonial e sobre sua criação literária.
Em Lying on the postcolonial couch, Bhaya Nair expressa sua visão de pós-colonialidade como sintoma traumático que só poderá desaparecer com o retorno às memórias do trauma da colonização, profundamente enterradas na psique do sujeito pós-colonial, o que se deve fazer antes que o fenômeno sucumba à indiferença da amnésia crescente do novo milênio. Como todo fenômeno histórico, a pós-colonialidade será inevitavelmente consignada à memória, em seguida a instituições e, finalmente, relegada ao esquecimento.
De início foram as utopias, a que se seguiram os diálogos preconizados pelos praticantes das literaturas estrangeiras para, finalmente, desembocar nos traumas da pós-colonialidade, sempre apoiada na mão segura de Laura.
Agradeço a você, Laura Patrícia Zuntini de Izarra, as tantas ramificações que me trouxe o nosso relacionamento de profissionais engajadas na pesquisa e na orientação de nossos alunos, mas, acima de tudo, a amizade e a confiança que nos une.
REFERÊNCIAS
IZARRA, L. P. Z. (Org.) A literatura da virada do século: fim das utopias? São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2001.p. 7-11
________ . Literaturas estrangeiras e o Brasil: Diálogos. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2004.p .7-16.
Agradecimento
My dearest friends,
I am hugely grateful for all your heartwarming texts published in the beautiful book with the work of art that Munira, Mariana and Victor so generously prepared as a surprise for my retirement. It was indeed a memento of deep emotion that left me without words.
The road I have walked along my life has been smooth thanks to all your friendly hands holding me and we continue walking together. I am rereading your pieces and writing to you separately now that the events are over.
A heartfelt hug to each of you,
Laura.
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Mail Marques de Azevedo é Doutora em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês pela Universidade de São Paulo (1999). Foi professora da Universidade Federal do Paraná de 1988 a 2007. Atualmente, faz parte do corpo docente da Pós-Graduação em Teoria Literária da UNIANDRADE. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em literatura de minorias, atuando principalmente nos seguintes temas: gêneros autobiográficos, literatura afro-americana e literatura pós-colonial.
No primeiro dia do V Encontro Internacional (edição de 2024), a professora Priscila Soares Vidal Festa apresentou uma leitura dramática em Libras de um dos poemas do escritor homenageado no evento. A leitura dela ficou registrada nos primeiros minutos do vídeo disponibilizado neste link: https://www.youtube.com/watch?v=SIIwYylKAhg
Confira, a seguir, o depoimento da professora Priscila sobre as escolhas que ela fez, em sua performance e na produção do vídeo da leitura dramática.
"CANTO DO REGRESSO À PÁTRIA"
DE OSWALD DE ANDRADE, EM LIBRAS
Priscila Soares Vidal Festa
Foi muito interessante construir essa interpretação em Libras, por ser um poema com implicações imagéticas e expressivas, as quais combinam bem com Libras.
Pesquisei versões de Libras do poema "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias, pois como o poema de Oswald é considerado uma paródia do poema, quis ver o original interpretado em Libras. Em muitas versões, os sinais de Libras para "palmeiras" são realizados com detalhes, de modo idílico, ou seja, um sinal bem "floreado".
Fonte da imagem: Streamyard
Quando refere-se a Palmares, optei por construir uma imagem de um tronco, mas em vez de continuar com a descrição da palmeira "idílica", escrevi em alfabeto manual a palavra P-A-L-M-A-R-E-S, parodiando também o sinal de "palmeiras", seguindo a proposta do texto.
No verso seguinte, em que diz "onde gorjeia o mar", optei por realizar o sinal de um mar agitado, trazendo a referência histórica dos navios negreiros, em vez de realizar movimentos suaves do mar que seria mais romântico. Segui esta descrição realizada por Verdejo (2023, p. 31) “... urge um mar poderoso e duro, lugar de naufrágio, via do tráfego negreiro e de um fluxo histórico que, adormecido na mitificação romântica, agora invade os “salões de poema”, cantando reflexos de um país redimensionado em perspectivas de sua realidade histórica”.
Utilizei também os "referentes" na Libras, que é um recurso de apontamentos referenciando locais geográficos. A partir da minha perspectiva, apontei para São Paulo ao meu lado esquerdo (pensando no mapa do Brasil, como se eu estivesse vendo de frente) e no verso "não cantam como os de lá" - apontei para cima, lado direito, registrando o espaço como se fosse a Europa. Essa representação geográfica quis pontuar na expressão facial e corporal, deixando os sinais referentes à terra de São Paulo mais emotivas e saudosas do que os sinais referentes à Europa, seguindo a característica da semana de 22 de valorização da cultura brasileira.
Tomei a liberdade de elaborar um cenário com base no poema "Soidão" do mesmo autor, quando diz:
Senhor
que eu não fique nuncacomo esse velho inglêsaí ao ladoque dorme numa cadeiraà espera de visitas que não vêm,[...]
Por isso, escolhi representar visualmente o poema "Soidão" por meio de uma cadeira branca, solitária, que torna-se um palanque feito na cadeira "do velho inglês", por um brasileiro que tem uma voz a ser ouvida.
Geralmente, a cadeira representa conforto ou descanso, mas nesse vídeo, quis colocar a ação de sentar e levantar trazendo movimento ao redor da cadeira. Diferente do "velho inglês" que permanece inerte na cadeira, escolhi sentar na cadeira, enunciar o que precisava ser dito e levantar da mesma, convidando todos os participantes deste lindo evento a visitarem todos os espaços que serão proporcionados em cada atividade da programação elaborada com tanto cuidado.
Então, existe a recusa de permanecer estático e passivo na cadeira, mas está presente a ação de convocar ao movimento.
Ao contrário do "velho inglês", todas as visitas chegarão e as dialogias serão estabelecidas.
Também, a luminária corresponde à luz que foi acesa no Brasil a partir da Semana de Arte Moderna de 22. O vídeo percorre em preto e branco e após o término do poema, a cor volta ao vídeo, simbolizando toda a miríade de cores que invadiram o cenário artístico e literário do Brasil depois da Semana de 22.
A cor vermelha utilizada no nome de Oswald de Andrade no vídeo foi atribuída devido à cor vermelha utilizada no cartaz da Semana de Arte Moderna, produzido pelo artista Di Cavalcanti.
Referência:
VERDEJO, Pedro. HISTORICIZED RETURN TO HOMELAND: AN ANALYSIS OF “CANÇÃO DE VOLTA À PATRIA”, BY OSWALD DE ANDRADE. Miguilim – Revista Eletrônica do Netlli| v. 12, n. 3, p. 24-40, set.-dez. 2023.
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Priscila Soares Vidal Festa é Doutora em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná (2020. Atua como profissional TILSP (Tradutor e intérprete em Libras/Língua Portuguesa) desde 2007 e possui certificação PROLIBRAS/MEC de Tradutora Intérprete de Libras/ Língua Portuguesa e Ensino da Libras.
MEMÓRIA DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DO MESTRADO E DO DOUTORADO EM TEORIA LITERÁRIA DA UNIANDRADE
Verônica Daniel Kobs
Palestra de abertura do evento. Fonte: Streamyard.
No segundo dia 17/10, a primeira conversa reuniu editores e jornalistas, para apresentar a relevância de Oswald de Andrade nos jornais e nas revistas. Daniel Zanella, Natan Schafer e Whisner Fraga foram os ilustres convidados. No fim da manhã, o diálogo foi com os professores Andre Cabral de Almeida Cardoso (UFF), Diego Gomes do Valle (UFFS) e Everton Almeida Barbosa (UNEMAT), que compuseram a mesa Sobre os Sinais dos Tempos. No período da tarde, o tópico foi a Antropofagia, focalizada sob a pespectiva acadêmica. Dessa vez, assumiram a palavra a professora Rebeca Queluz (UFPR) e o escritor e professor Otto Leopoldo Winck, da Uniandrade. Na seção Literatura em Revista, Cesar Paulo da Silva (UEPG) analisou a obra de Elena Ferrante. À noite, na mesa-redonda Sobre Misturas e Mutações, mediada pela professora Célia Arns de Miranda (Uniandrade/UFPR), as professoras Elaine Barros Indrusiak (UFRGS), Maria Cristina Ribas (UERJ) e Verônica Daniel Kobs (Uniandrade) falaram sobre Literatura, outras artes e outras mídias. E, para fechar a noite em grande estilo, a diretora de teatro Fátima Ortiz fez uma leitura dramática da minicoletânea intitulada “Poemas da Colonização”, de Oswald de Andrade.
No dia 18/10, a professora Nivea Bona (Boston University) falou sobre Redes Digitais e Relações Humanas. Logo depois, Ariane Salgado (PUC-SP), Fábio Fernandes (PUC-SP) e Walter Lima Torres (UFPR) apresentaram suas obras, todas elas recém-publicadas. Depois do almoço, o Brainstorm "Oswald de Andrade Multifacetado" contou com as apresentações de Fernanda Clemilda Santos de Oliveira Dante (UFPR), Gissele Chapanski (UniSantaCruz/Instituto Serendipe), Sandro Moser (Festival de Curitiba) e Sérgio Khalil (Instituto Serendipe). O responsável por essa reunião foi o jornalista Daniel Zanella. Na seção Literatura em Revista, Thiago Franklin de Souza Costa (UFRJ) apresentou seus estudos sobre a obra de Lídia Jorge. Para fechar o dia, a semana e o evento com chave-de-ouro, os autores José de Nicola e Lucas de Nicola contaram um pouco sobre o livro Semana de 22: Antes do Começo e Depois do Fim, um trabalho monumental de pesquisa (648 páginas de Literatura e História). Em seguida, Verônica Daniel Kobs (Uniandrade) apresentou o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, em uma versão ilustrada pela Inteligência Artificial do Canva.
Para rever as palestras, os debates, as mesas-redondas e as leituras dramáticas, acesse os links abaixo:
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Verônica Daniel Kobs: Pós-Doutorado em Literatura e Intermidialidade (UFPR). Professora e pesquisadora de Literatura e Tecnologia Digital. Coordenadora dos cursos de Mestrado e Doutorado em Teoria Literária da UNIANDRADE. Idealizadora do blog Sarau Literário.