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terça-feira, 15 de maio de 2012

SCRIPTA UNIANDRADE v. 10, n. 1 e 2 – ano 2012 CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO

Prezados Professores:

O Conselho Editorial da Scripta Uniandrade (Qualis B1) tem o prazer de convidá-los para
participarem do volume 10, números 1 e 2 da revista, cujos dossiês temáticos são
“Escrituras femininas brasileiras” e “Escrituras femininas de expressão inglesa”
respectivamente. O periódico tem como foco a publicação de artigos que tratam da
literatura em diálogo com a teoria literária, os estudos culturais e as artes e mídias (teatro,
cinema, artes plásticas, música e outros). Nas edições mencionadas, reuniremos artigos
sobre textos escritos por mulheres em gêneros diversos (ficção, dramaturgia, poesia) e
mídias (literatura, romances gráficos, escrituras fílmicas, etc.), sob abordagens, óticas e
eixos temáticos variados. Almejamos, assim, aprofundar a reflexão teórica sobre a questão
do feminino, mapear a pluralidade de textualidades femininas e situar a autoria feminina na
história da arte, literatura e cultura.
Prazo para envio de trabalhos:
v. 10, n. 1 – 30 de agosto de 2012
v. 10, n. 2 – 30 de setembro de 2012
Prazo para publicação: dezembro de 2012
NORMAS PARA APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS
1 Os trabalhos entregues para apreciação e possível publicação em qualquer das
revistas do Centro Universitário Campos de Andrade – Uniandrade – deverão seguir os
seguintes parâmetros:
· Ser preferencialmente inéditos.
· Ser redigidos em português, espanhol ou inglês.
· Ter no mínimo 10 páginas (cerca de 4000 palavras) e no máximo 20 páginas (cerca de
8000 palavras).
· Incluir dois resumos (de 100 a 120 palavras cada um), antes do início do texto, um em
português e outro em língua estrangeira.
· Incluir, após os resumos, palavras-chave (de três a seis) em português e na língua
estrangeira.
· Ser digitados em folha A4, com fonte Arial 12, espaçamento 1,5.
· Incluir no corpo do trabalho, entre aspas, citações de até quatro linhas. Citações com
mais linhas devem ser destacadas do texto, alinhadas  pela margem de parágrafo,
digitadas com fonte Arial 11, espaçamento simples, e não conter aspas.
· Incluir referências às citações no próprio texto, entre parênteses. Exemplo: (MILLER,
2003, p. 45-47). Evitar, na medida do possível, a inclusão de notas de final de texto.
· Seguir as normas da ABNT quanto à digitação das referências a serem incluídas
depois das notas de final de texto, se houver.
· Para livros, a entrada deverá ter o seguinte formato:  GOMES, C.  Metodologia
científica. 2. ed. São Paulo: Atlântica, 2002.
.    Para capítulos de livros: BARTHES, R. A morte do autor. In: _____. O rumor da
língua. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 57-64.
· Para artigos publicados em revistas: MOSER, W. As relações entre as artes: por
uma arqueologia da intermidialidade. Aletria: Revista de estudos de literatura, Belo
Horizonte, v. 14, p. 42-65, jul./dez. 2006.

·  Para citação eletrônica: LIMA, G.  Referências de fonte eletrônica. Disponível
em: <http://www.format.com.br > Acesso em: 21 set.  2006.
· Ser enviadas aos editores, como anexo, via e-mail,  sem identificação. A
identificação deve ser enviada em outro anexo e conter o título do trabalho, o nome
do autor, a titulação, a instituição da titulação, a instituição à qual está vinculado e
o cargo que ocupa na mesma, o endereço pessoal completo, bem como telefones
e e-mail para contato.
2   Os autores deverão encaminhar parecer do Comitê de Ética de sua Instituição ou
submeter seu trabalho ao Comitê de Ética da Uniandrade, se o Conselho Editorial
achar necessário.
3  O Conselho Editorial poderá recusar trabalhos que não atendam às normas incluídas
acima.
4 Depois de aceitos pelo Conselho Editorial, os trabalhos de pesquisa serão submetidos
ao Conselho Consultivo para leitura, análise e parecer.
5 Por via eletrônica ou postal, o Conselho Editorial comunicará ao autor a avaliação feita
por membros do Conselho Consultivo.
6   Os artigos aprovados com restrições serão encaminhados aos autores para
alteração. Nestes casos, a Comissão Editorial se reserva o direito de recusar o artigo,
caso as alterações efetuadas não atendam às solicitações dos consultores.
   
7 O direito de cópia referente aos artigos publicados pertence a Uniandrade.
8   O envio do artigo para publicação implica na aceitação das condições acima citadas.
Dossiês temáticos das próximas edições:
2012, v. 10, n. 1: Escrituras femininas brasileiras
2012, v. 10, n. 2: Escrituras femininas de expressão inglesa
2013, v. 11, n. 1: Representações do sujeito pós-moderno
2013, v. 11, n. 2: Representações de alteridades
2014, v. 12, n. 1: Textualidades memorialísticas
2014, v. 12, n. 2: Releituras contemporâneas do gótico
Endereços eletrônicos para envio de trabalhos:
brunilda9977@gmail.com
anniesc@bol.com.br
Endereço para correspondência:
Centro Universitário Campos de Andrade – UNIANDRADE
a/c Daniele Nunes Motta
Scripta Uniandrade – Mestrado em Teoria Literária
Cidade Universitária
Edifício José Barros – 4º andar
Rua João Scuissiato, n. 1 – Santa Quitéria
80310-310 Curitiba, PR

domingo, 6 de maio de 2012

DO PARATEXTO AO TEXTO: REVELANDO OS ENÍGMAS DO LIVRO OU “LETRAS E RISCOS IRREGULARES ABRINDO PARA A MARAVILHA”

Eunice de Morais




O Esplendor (Álvaro de Campos, in: Poemas. Heterônimo de Fernando Pessoa)




E o esplendor dos mapas, caminho abstracto para a imaginação concreta,

Letras e riscos irregulares abrindo para a maravilha.



O que de sonho jaz nas encadernações vetustas,

Nas assinaturas complicadas (ou tão simples e esguias) dos velhos livros.



(Tinta remota e desbotada aqui presente para além da morte),

O que de negado à nossa vida quotidiana vem nas ilustrações,

O que certas gravuras de anúncios sem querer anunciam.



Tudo quanto sugere, ou exprime o que não exprime,

Tudo o que diz o que não diz,

E a alma sonha, diferente e distraída.



Ó enigma visível do tempo, o nada vivo em que estamos! 


# # # # #


A proposta desta discussão surgiu em meio a uma série de estudos que desenvolvi nos últimos anos, tendo como foco as relações entre a ficção e a história. O contato com o texto da pesquisadora espanhola Célia Fernández Prieto Historia y novela: poética de La novela histórica (2003) me fez voltar o olhar para alguns elementos que acompanham e complementam o texto para compor o que conhecemos hoje como livro. Estes elementos, denominados paratextos por Gérard Genette e “Franjas do texto” por Philippe Lejeune, seriam para Fernández Prieto fontes significativas para desvendar as diferenças e semelhanças, distanciamentos e aproximações entre o romance histórico romântico e o romance histórico pós-moderno.  Um estudo mais aprofundado sobre os paratextos, em especial nas obras literárias, no entanto, pode nos levar a uma série de apontamentos a respeito de sua função e de seu caráter revelador diante das obras que anunciam e/ou enunciam. Será através deles, estas “letras e riscos irregulares” que entraremos a desvendar o mundo maravilhoso dos livros. Assim como nos diz o poema de Álvaro de Campos,, heterônimo de Fernando Pessoa, queremos descobrir o que há de sonho nas encadernações vetustas, nas assinaturas complicadas ou simples dos velhos (e dos novos) livros. 
A definição de paratexto apresentada por Genette em seu Paratextos editoriais (2009 [1987]) nos remete a duas questões importantes, vejamos:


Um texto raramente se apresenta em estado nu, sem o reforço de e o acompanhamento de certo número de produções, verbais ou não, como um nome de autor, um título, um prefácio, ilustrações, que nunca sabemos se devemos ou não considerar parte dele, mas que em todo caso o cercam e prolongam exatamente para apresentá-lo. (Genette, 2009, p. 9).


A primeira questão nos leva a refletir sobre o passado e nos perguntar: isso sempre foi assim? O livro sempre foi livro tal como se apresenta hoje? Certamente que não. A história desse objeto, o livro, que se modifica em conformidade com a evolução tecnológica, econômica e cultural da humanidade segue acompanhada da história de sua recepção e da leitura. E me parece que essas histórias podem ser contadas através da observação dos paratextos. A segunda questão, essa que nos interessa mais especificamente nesta palestra, ao contrário, nos remete ao presente, pois a meu ver a importância e a quantidade destes elementos que reforçam e acompanham o texto ganharam força no sentido de definir e até de manipular o que quem e como se deve ler. Lembramos, segundo Genette, que:


Com efeito, essa franja, sempre carregando um comentário autoral, ou mais ou menos legitimada pelo autor, constitui entre o texto e o extratexto uma zona não apenas de transição, mas também de transação: lugar privilegiado de uma pragmática e de uma estratégia, de uma ação sobre o público, a serviço, bem ou mal compreendido e acabado, de uma melhor acolhida do texto e de uma leitura mais pertinente – mais pertinente, entenda-se, aos olhos do autor e de seus aliados.


Assim, se Genette apresenta dúvidas sobre se devemos ou não considerar o paratexto como parte do texto, gostaria eu de discutir essa dúvida quando temos diante de nós um romance histórico, para limitarmos o corpus de observação, produzida ou reeditada nas últimas duas ou três décadas. Penso aqui em romances como os biográficos de Ana Miranda, Ângela Dutra de Meneses em O português que nos pariu, João Ubaldo Ribeiro em Viva o povo Brasileiro, Doc Comparato, em A Guerra das imaginações, Domício Proença Filho, em Capitu, memórias póstumas,, José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta com o Terra Papagalli; penso ainda numa literatura infantil, em que a ilustração deve ser levada tão a sério quanto o texto literário, como temos em Chapeuzinho amarelo, de Chico Buarque ou o instigante e perturbador livro de Paulo Ventureli,  Admirável ovo novo. Para que não nos estendamos muito, apresentamos a leitura de alguns elementos paratextuais presentes em três obras: O Ladrão de raios (2009 2 edição, [2005]), Livro um da coleção Percy Jackson e os Olimpianos, de Rick Riordan e Dias e Dias (2002), de Ana Miranda. Estes romances, marcados foram escolhidos justamente pela diferença que apresentam tanto no plano estético da composição literária (gênero) como no plano intencional proposto pelo estilo de cada produção. A análise dos mesmos nos dará uma boa dimensão do quanto é importante quando não é essencial, hoje mais do que nunca, a leitura destes elementos para a criação de um horizonte de expectativa do leitor em relação à obra, para o estabelecimento de um pacto entre autor-texto-leitor, bem como para a compreensão e interpretação da obra.