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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

LITERATURA BEAT: UMA GERAÇÃO NA ESTRADA

Luiz Zanotti*

Um dos mais importantes eventos literário/culturais ocorrido na contemporaneidade aconteceu na década de 1950, tendo como um dos principais expoentes o escritor Jack Kerouac. Na época quando a linha principal de conduta moral seguia o que se classificou como “mito americano do sucesso” que predicavam uma existência voltada para o objetivo da acumulação de renda, e portanto respeito, através do trabalho árduo e da determinação. Este conceito é muito próximo ao da ascese intramundana de Max Weber, que prediz o privilegio ao trabalho e acaba negligenciando o relacionamento familiar, levando à falta de atenção e carinho para com os filhos.
Neste contexto, Kerouac faz declarações retratando  indivíduos desviante como heróis, como a afirmação que faz em  On the Road (1957) em que transforma um ladrão de carros e vigarista como um novo tipo de santo americano. Assim, numa época em que ensinamentos zen-budistas eram considerados propaganda comunista, a luta de Kerouac para tornar vigaristas e desordeiros em heróis estava fadada a surpreender os críticos e preocupar o FBI.
As características principais da geração beat são as rupturas e inovações radicais em arte, ciência, espiritualidade,filosofia e estilo de vida; a diversidade; a comunicação verdadeira e aberta e profundo contato interpessoal, bem como generosidade e a partilha democrática dos instrumentos; a perseguição pela cultura hegemônica de subculturas contemporâneas;  e o exílio ou fuga.
A reação do “status quo” a esse novo desenho fez com que  a escritora americana Caroline Bird dissesse em um artigo na Harper’s Bazaar, em 1957, que “Não é possível entrevistar um hipster porque o seu principal objetivo é se manter fora da (...) sociedade”.
O estilo de vida beat “se referia a um estilo de vida aventureira adotado pelos que, sem eira nem beira, andavam à deriva pelas estradas da América em busca de aventura, aproveitando-se do “American Way of Life”. Eduardo Bueno8 comenta que foi Kerouac “quem havia dado ressonância e expandira o significado da palavra beat, que escutara pela primeira vez na boca de Herbert Huncke, marginal homossexual que fazia ponto em Times Square, NY, e que aparece brevemente em On the Road sob o nome de Elmer Hassel”.
O estilo literário beat de Kerouac, Ginsberg e Burroughs tinham muitos pontos em comum. Todos eram radicais quanto à revelação de pensamentos íntimos e/ou aspectos da realidade, eles utilizavam algo semelhante ao fluxo de consciência como método, algo para superar qualquer impulso no sentido de cautela e da autocensura.
. Seguindo a linha dos estudos de cultura, o presente projeto busca verificar o processo de construção da subjetividade em romances e poemas pertencentes a fase da literatura americana conhecida como geração beat. A literatura beat que se estabelece no cenário da década de 1950, com um dos seus mais importantes poetas, Jack Kerouac retratando indivíduos desviantes como heróis, tais como uma personagem que era ladrão de carros e vigarista. Mas a geração beat também trabalha a idéia de um novo tipo de santo americano, assim um marginal era tido como uma pessoa importante frente ao. Na contramão desta ideologia, os beats trabalharam em suas obras ensinamentos zen-budistas, que na época, eram considerados como propaganda comunista.
Dentro desta idéia, estamos çançando um projeto cujo objetivo é analisar como os beats trabalharam para tornar vigaristas e desordeiros em heróis, modificando o conceito do mito do sucesso americano, ou seja:
1.                  Problematizar as relações de poder entre a contracultura e o “american way of life” na formação do sujeito.
2.                  Investigar o conceito de indústria cultural e sua aplicação no contexto da análise da criação artística literária.
3.                  Reflexão sobre a a subjetividade nos autores da geração beat.
4.                  Explorar as estratégias que nortearam o trabalho da escrita dos escritores da geração beat.
5.                  Investigar como se processa o encontro entre a literatura e a sociedade nos textos destes autores.

6.                  Discutir a obra de Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Gregorio Corso, Willian Burroughs, entre outros em relação a prosa espontanea.


*Professor do Mestrado em Teoria Literária da Uniandrade.