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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Simpósio ABRALIC - inscrições até 15/04/2011



Estudos sobre Ficção Histórica: Origem e Desenvolvimento


Coordenadores
Prof. Dr. Hermenegildo Bastos (UnB)
Profa. Dra. Eunice de Morais. (UNIANDRADE)
Profa. Dra. Naira N de Almeida (UTFPR)


Ementa:


Nas últimas décadas, a crítica li­terária esteve em busca de novas denominações para um tipo de produção que não respondia mais aos traços originais do romance histórico do século XIX. Assim, Antonio Candido articula o conceito de “A nova narrativa” (originalmente uma conferência de 1979) e depois texto publicado em A educação pela noite e outros ensaios (1986), em que busca ler a história na ficção (evitando diluir a ficção na história), também Fernando Ainsa (1991) e Seymor Menton (1993) apresentam-nos o “novo romance histórico lati­no-americano”, e Linda Hutcheon (1994) descreve a “metafic­ção historiográfica”. Diante de amplas discussões a respeito das transformações significativas deste tipo de produção literária, o que entra em discussão afinal é a possibilidade da manutenção do gênero. Enquanto para Bakhtin o romance é um gênero em constante transformação, o que justifica o surgimento do romance histórico como um subgênero, bem como a evolução desse mesmo subgênero, Frederic Jameson questiona essa mesma possibilidade de permanência do romance histórico no Modernismo. O título do artigo de Jameson, publicado em 2007, “O romance histórico ainda é possível?”, ecoa ainda entre os estudos sobre a ficção histórica. Segundo Jameson, o passado para os modernistas precisa ser ultrapassado ou sobreposto pelo novo, enquanto para os pós-modernistas o presente só pode ser avaliado, pensado, em relação ao passado, nesse caminho, para os pós-modernistas, se dá mais no sentido de uma proposta de reflexão e relativização sobre este passado, quando o transcontextualiza. Esse nó apertado modernismo – pós-modernismo pensado dessa maneira por Jameson é disputado por Perry Anderson, que discorda da afirmação  de Jameson ao sustentar que a peculiaridade do romance histórico foi evitar qualquer estratificação estável entre alto e baixo, entretanto, Anderson confirma a idéia do teórico marxista sobre a decadência da aceitação do romance histórico no período do Modernismo. Perry Anderson explica que “por volta do período entre-guerras, o romance histórico tinha se tornado déclassé, caindo vertiginosamente na estima literária, a ponto de não figurar nas fileiras da ficção séria”. Esta queda ocorre por dois motivos, segundo Anderson: primeiro pelo efeito crítico do modernismo então ascendente e, segundo, os massacres da Primeira Guerra Mundial despojaram de glamour as batalhas e a alta política, desacreditando tanto inimigos malignos como heróis abnegados.
Nesse sentido, esse simpósio estimula o pensar sobre as relações entre literatura e história tomando a questão da ficção histórica desde como foi elaborada por Lúkacs em seu clássico O romance histórico e também mediações que advém daí com o debate entre Frederic Jameson e Perry Anderson e também de outros. A proposta para este simpósio, portanto, é a rediscussão dos limites da ficção histórica, quanto aos recortes temático e temporal, visando confirmar ou recusar a manutenção do emprego da expressão romance histórico como denominação para o subgênero atual. O corpus de investigação deste simpósio relaciona-se à ficção histórica em geral e sua trajetória teórico-conceitual. Para esta rediscussão é mister tomar em consideração a importância e expressividade do gênero desde a sua origem; suas perspectivas históricas predominantes (fatos, épocas ou personagens); suas relações com as teorias da história, bem como com outros gêneros e épocas da produção literária; e também os recursos expressivos recorrentes e eficazes nas refigurações do passado. No entanto, entendemos que apresentar o aspecto formal como foco de atenção nesta discussão significa um necessário e inescapável ponto de partida, pois ele nos leva ao ponto de chegada em que o pensamento crítico deve articular os modos de interação dos estilos e textos individuais no complexo da história. Sem nunca esquecer que o poder de referência de todo texto literário pertence à própria natureza da linguagem literária.  
            Em suma: pretendemos abrir uma ampla discussão sobre as relações entre literatura e história no intuito de reabrir questões e desabafar conceitos. Pretendemos colocar as idéias em discussão, não dogmatizá-las. Nesse sentido, reabrimos uma questão crucial para a crítica do século XX, a diferenciação entre realismo e modernismo, que voltou à tona com muita força nas discussões sobre o pós-modernismo e que mantém sua força problematizadora. 
 
Referências Bibliográficas:
AÍNSA, F. La nueva novela histórica latinoamericana. Revista Plural. México, n. 240, p. 82-85, set.1991.
ANDERSON, Perry. Trajetos de uma forma literária. Novos Estudos. CEBRAP, São Paulo, n.77, p. 205-220, mar. 2007.
CANDIDO, Antonio. A educação pela noite e outros ensaios. 3. ed. São Paulo: Ática, 2000.
HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo. Rio de Janeiro: Imago, 1991.
JAMESON, Fredric. O romance histórico ainda é possível? Novos Estudos. CEBRAP, São Paulo, n. 77, p. 185-203, mar. 2007.
LACOUTURE, Jean. A História Nova. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
LUCKÁCS, Georg. La novela historica. 2 ed. México: Ed. ERA, 1971.
MENTON, Seymour. La nueva novela histórica. México: Fondo de Cultura, 1993.




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