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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Dom Casmurro e os discos Voadores




MACHADO DE ASSIS

& LÚCIOMANFREDI

 
DOM CASMURRO

E OS DISCOS VOADORES

 



O título do livro publicado pela editora Lua de Papel, Dom Casmurro e os discos voadores, destina-se, evidentemente, a chamar a atenção para a reescritura de obras canônicas como combinações de gêneros de literatura de massa, na série Clássicos Fantásticos. Três outros títulos foram publicados em 2010, como parte do projeto da editora de “recriar nossas obras mais festejadas [...] com elementos da ficção moderna”: Senhora e a bruxa, A escrava Isaura e o vampiro e O alienista caçador de mutantes, assinados, respectivamente, por Angélica Lopes, Jovane Nunes e Natália Klein.

O estudo de Dom Casmurro e os discos voadores foi assunto do trabalho que apresentamos em um dos simpósios do 25º Congresso da LASA (Latin American Studies Association), em Washington, no final de maio. Foi gratificante verificar o interesse da platéia, formada de estadunidenses que se dedicam ao estudo da literatura dos diversos países da América Latina ─ particularmente os de língua espanhola ─ e de estudiosos falantes de espanhol, pela literatura brasileira. Houve curiosidade em saber detalhes sobre os demais romances que compõem a série.

Nosso trabalho partiu do exame da tendência mundial de associar obras consagradas com gêneros tornados populares pela mídia ─ deflagrada pela publicação de Pride and Prejudice and Zombies, por Seth Grahame-Smith ─ para as questões de autoria e da classificação dos gêneros utilizados em tais reescrituras.

A indicação de coautoria estampada em evidência na capa das obras mencionadas ─ Machado de Assis & Lúcio Manfredi; José de Alencar & Angélica Lopes ─ suscita problemas de teoria literária, por fugir aos parâmetros da adaptação e da paródia.

Para examinar a propriedade de colocar as diferentes utilizações do sobrenatural sob o guarda-chuva comum da ficção científica, reportamo-nos aos estudos de Eric Rabkin sobre o fantástico. Rabkin aponta que o termo ficção cientifica “vem sendo forçado a prestar os mais variados serviços”: da viagem a Laputa em Viagens de Gulliver (1726) e do Icaromenippus de Luciano de Samosata (b.120 A.D.) à série Guerra nas estrelas. Sua observação seguinte põe em relevo a flexibilidade do gênero e as dificuldades de categorização: “E há outros trabalhos [...] que se esgueiram para dentro e para fora do gênero sem que ninguém note”. (NOTA)

As dificuldades aumentam claramente na atual sociedade de comunicação de massa, em que a mídia visual tem papel preponderante e fornece as mais esdrúxulas combinações permitidas pela tecnologia.

 

MAIL MARQUES DE AZEVEDO

 

NOTA. RABKIN, E. The Fantastic in Literature. Princeton: Princeton Un, Press, 1977.p. 118-119  Tradução da autora

 

 

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