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terça-feira, 13 de maio de 2025

 MESTRADO E DOUTORADO EM TEORIA LITERÁRIA DA UNIANDRADE MARCAM PRESENÇA NO CINE-FÓRUM 2025  



Crédito da imagem: https://www.facebook.com/coletivocinef0rum/. Imagem posteriormente editada com recursos do Canva AI Editor.

 

De 13 a 16 de maio será realizada a 5ª edição do Cine-Fórum, que contará com a trabalhos desenvolvidos por alunos e professores de nossos programas. Confira, a seguir, os temas e discussões que serão pauta, no evento desta semana:

 

1) OS ZUMBIS COMO METÁFORA EM NIGHT OF MINI DEAD (LOVE, DEATH & ROBOTS, T03E04)

Autores: Thales Vianna Coutinho (doutorando da UNIANDRADE) e Verônica Daniel Kobs (professora da UNIANDRADE)

 

RESUMO: Atualmente, os zumbis são uma das figuras mais recorrentes na cultura popular e frequentemente são utilizados como metáforas para questões sociais, políticas e de saúde. Argumenta-se que a evolução do horror zumbi reflete medos coletivos, destacando como os monstros da ficção funcionam como expressões bioculturais das ansiedades humanas. O zumbi, nesse contexto, torna-se um espelho de nossa fragilidade diante de ameaças biológicas e institucionais. Objetivo: Com base nesses pressupostos, analisamos o episódio Night of Mini Dead (T03E04), da série Love, Death & Robots à luz dessa perspectiva metafórica. O episódio subverte a narrativa tradicional dos filmes de zumbi ao apresentar um surto apocalíptico em um formato acelerado e satírico. A velocidade com que os zumbis se espalham e destroem a sociedade ilustra a rapidez e imprevisibilidade de uma pandemia. Resultado: Elementos como o caos social imediato, a destruição de espaços públicos (incluindo escolas) e a resposta política desarticulada apontam para uma crítica à ineficácia governamental diante de crises sanitárias. A decisão final dos líderes mundiais de recorrer a soluções bélicas ressoa com os desafios enfrentados durante a pandemia da covid-19. Considerações: o episódio pode ser compreendido como uma metáfora da crise pandêmica recente, reforçando como a irracionalidade, a falta de planejamento e a inabilidade política agravam a propagação de ameaças globais. Ao adotar um tom cômico e acelerado, o enredo ressalta a natureza absurda das respostas institucionais ao caos, evidenciando a vulnerabilidade das estruturas sociais diante de eventos de grande escala.

 

 

2) PERSPECTIVA BÍBLICA E PRODUÇÃO DE PRESENÇA EM “ANA TERRA”, DE ERICO VERISSIMO

Autoras: Ligia Fernanda Giorgia de Oliveira Klein (mestranda da UNIANDRADE) e Greicy Pinto Bellin (professora da UNIANDRADE)

 

RESUMO: A intersecção entre textos sagrados e obras literárias tem sido objeto de crescente interesse nos estudos literários, como demonstram os trabalhos de Northrop Frye (2004) e Robert Alter (2007). Esse diálogo abre espaço para análises intertextuais que revelam como a literatura se apropria de elementos bíblicos para a construção de sentido. Este resumo apresenta a pesquisa de mestrado que investiga a relação na obra “Ana Terra”, de Erico Verissimo, considerando as intertextualidades com o livro de Rute e “Provérbios 31”. O estudo fundamenta-se nas teorias da intertextualidade de Bakhtin (1929), Kristeva (1979) e Barthes (1979), bem como, na produção de presença e Stimmung propostas por Hans Ulrich Gumbrecht (2014). A trajetória de “Ana Terra”, marcada pela luta e resiliência, ecoa a narrativa de Rute, que também enfrenta desafios e transforma sua realidade por meio da coragem e da determinação. Do mesmo modo, a representação feminina em “Ana Terra” se aproxima da mulher virtuosa de “Provérbios 31”, cujas qualidades de força e trabalho refletem a identidade da protagonista. Essas intertextualidades contribuem para a construção da identidade cultural e simbólica da personagem, inserindo-a em um contexto de tradição e ancestralidade. A teoria da produção de presença de Gumbrecht permite compreender como a materialidade do texto e a ambiência evocada na narrativa de Verissimo afetam o leitor de maneira sensorial. Elementos como a paisagem, as descrições corpóreas e a violência experienciada por Ana criam um impacto emocional que ultrapassa a simples interpretação hermenêutica, favorecendo uma experiência imersiva. A atmosfera emocional, ou Stimmung, que permeia a obra intensifica a conexão entre texto e leitor, promovendo um envolvimento que ressoa com questões de identidade, ancestralidade e territorialidade. Além disso, a abordagem intertextual possibilita uma leitura que transcende os limites do texto literário, revelando a influência da tradição bíblica na literatura brasileira contemporânea. Ao destacar os diálogos entre “Ana Terra” e as Escrituras, esta pesquisa amplia a compreensão da narrativa e reforça a relevância do romance de Verissimo na construção de uma literatura que articula memória, cultura e experiência histórica. Assim, essa pesquisa de mestrado não apenas analisa os aspectos literários e intertextuais, mas também explora as dimensões sensoriais da leitura, enfatizando como a literatura pode ser vivenciada de maneira tangível e afetiva pelo leitor.

 

 

3) COGNITIVAMENTE INADAPTÁVEL: O CASO DE “A COR QUE VEIO DO ESPAÇO” DE H. P. LOVECRAFT

Autor: Thales Vianna Coutinho (doutorando da UNIANDRADE)

 

RESUMO:  The Colour Out of Space (“A Cor que veio do Espaço”) é um conto do escritor norte-americano H. P. Lovecraft, publicado em 1927, que encapsula a filosofia lovecraftiana do desconhecido e do incognoscível, característica nuclear do horror cósmico (Dzienkonski, 2023). No original, a cor é descrita como: "A cor, que lembrava algumas das faixas do estranho espectro do meteoro, era quase impossível de descrever; e era somente por analogia que eles a chamavam de cor". Ao longo das décadas, foi adaptada para o cinema em diferentes ocasiões. A saber: "Die, Monster, Die!" (1965), "The Curse" (1987), "Colour from the Dark" (2008), "Die Farbe" (2010) e "Color Out of Space" (2019). No entanto, todas as adaptações cinematográficas de The Colour Out of Space apresentaram desafios em traduzir a incompreensibilidade cósmica de Lovecraft para a linguagem visual (Basu & Ray, 2023). O objetivo desse trabalho foi tecer uma argumentação de psicologia teórica para explicar as dificuldades significativas e reiteradas enfrentadas pelas tentativas de adaptar o conto de Lovecraft para o cinema. Para isso, realizou-se uma revisão narrativa da literatura, buscando por artigos que tratassem dos limites perceptuais e cognitivos da imaginação. É possível conceber pontos de vista radicalmente diferentes do humano? (Elson, 2024). Malik (2015) explorou os limites da imaginação humana e argumentou que, embora pensemos ser capazes de imaginar o impossível, o que realmente fazemos é reinterpretar conceitos conhecidos. Ainda, ao analisar a natureza de um conteúdo perceptivo e das imagens mentais, verificou-se que ambos compartilham características fundamentais (Nanay, 2015). Já McCarroll (2022) investigou as relações entre memória e imaginação, argumentando que ambas são centrais para a construção da realidade subjetiva. Portanto, à luz dessas evidências, é possível argumentar que a razão pela qual as adaptações cinematográficas do conto de Lovecraft inspiram críticas negativas é que estamos diante de uma obra inadaptável, tendo em vista que sua descrição desafia a nossa estrutura cognitiva capaz de imaginar visualmente algo.

 

 

4) E O OSCAR VAI PARA... ANNE HATHAWAY: O EFEITO DA DECISÃO DO DIRETOR PELO USO DE CLOSE-UP SOBRE O ENGAJAMENTO EMOCIONAL DIANTE DAS CENAS DE "OS MISERÁVEIS" (2012)

Autor: Thales Vianna Coutinho (doutorando da UNIANDRADE)

 

RESUMO: A psicologia da mídia sugere que planos em close-up intensificam a empatia dos espectadores com os personagens, ampliando a percepção de suas emoções e estados mentais. Estudos recentes apontam que essa técnica cinematográfica facilita a teoria da mente e aprofunda a imersão na narrativa. Este trabalho analisa o uso dessa estratégia no filme Os Miseráveis (2012), com foco na cena em que Anne Hathaway interpreta I Dreamed a Dream, performance que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. A decisão do diretor Tom Hooper de utilizar um close-up de rosto na atriz contribuiu para maximizar a conexão emocional com o público, tornando a sequência um dos momentos mais emblemáticos do filme. No caso de Hathaway, a escolha estética destacou cada nuance de dor e resignação da personagem Fantine, amplificando seu apelo dramático. No entanto, apesar de sua contribuição estética e emocional decisiva para o sucesso da cena, em um momento histórico em que a própria literatura científica da psicologia não demonstrava esse efeito, o Oscar de 2012 foi injusto ao não indicar Tom Hooper na categoria de Melhor Diretor. Sua direção refinada, antecipando os achados científicos, foi determinante para a construção de uma das performances mais impactantes da década. Esta análise reafirma o papel central da linguagem visual na recepção afetiva e no reconhecimento crítico de atuações cinematográficas.

 

 

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