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quarta-feira, 14 de agosto de 2019


Como estou me comunicando: sendo agressivo ou amistoso?

 Profa Dra. Angela Maria Rubel Fanini

A linguagem é central para o ser humano. Ela difere o homem dos outros animais. Por mais que os outros animais tenham uma linguagem, a nossa é bem mais complexa. Ela se altera, se modifica, serve para nomear as coisas, para identificar as pessoas, para se comunicar e serve também para enaltecer, subjugar, agredir, elogiar. A linguagem é nosso meio de nos inserirmos na sociedade. Nosso primeiro contato é na infância com a família ou com quem nos cuida. A criança vai aprendendo a apreender o mundo e entendê-lo a partir da linguagem. A mãe ou quem cuida da criança vai apontando as coisas e nomeando-as. É um ato bem complexo, pois as palavras não são as coisas. São símbolos para as coisas. São uma convenção social. É um código, mas não é sempre igual a um código matemático, em que os símbolos não mudam conforme o sujeito que os emite. A linguagem da matemática em contextos matemáticos é universal. Não sofre modificação. Já a linguagem humana  não é só um código técnico que eu aprendo bem na escola ou no convívio com os demais. Ela é fonte de juízo de valor sobre as coisas. Quando falo ou escrevo, emito juízos bons ou ruins sobre aquilo ou aquele de que falo ou sobre o quê ou quem escrevo. Por isso, devemos ser responsáveis em nossa comunicação, pois podemos agredir ou exaltar alguém. O racismo, o sexismo, o ódio ao estrangeiro vêm pela linguagem que falamos. Mas o amor, a afetividade, a solidariedade também são veiculados pela linguagem. A linguagem tem poder de construir ou destruir uma reputação. Ela tem uma perspectiva ética e moral daquele que a emite. Vejam com a mídia é poderosa. É um quarto poder, pois tanto bate em um mesmo discurso que cria realidades. Então a linguagem não nomeia as coisas tais quais são. Posso destruir a imagem de um governo, de uma pessoa, de uma instituição ou construir de modo positivo de acordo com a linguagem que uso. Não permaneço neutro quando falo ou escrevo. O ato comunicativo tem sempre uma intencionalidade ética, moral, política, afetiva etc. Nesse passo, a Filosofia da Linguagem a partir de Mikhail Bakhtin (filósofo russo) e Michel Foucault (filósofo francês), pode esclarecer bastante nossa compreensão sobre como devemos entender e usar a linguagem. A qualquer pessoa, universitária ou não, interessa pensar sobre o que fala, o que escreve e o que veicula nesse discurso emitido. Podemos nos encontrar com as pessoas, produzindo e fortalecendo laços de amizade via linguagem ou destruir esses laços para sempre. O que se diz de modo negativo permanece e causa mágoa. Todavia, os elogios via linguagem também são sempre lembrados. Pensem nisso, caros leitores e leitoras! Pense em como está a sua linguagem em família, com amigos, no trabalho e nas redes sociais. Você está sendo agressivo ou amistoso? Boa reflexão!

 

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