Pesquisar este blog

terça-feira, 28 de maio de 2024

CILKA: SOBREVIVÊNCIA, ESPERANÇA E RESILIÊNCIA


Laura Carolina Gusso Marques


O livro A Viagem de Cilka: baseado em uma história real de amor, coragem e esperança, escrito por Heather Morris, é um de muitos que retratam o horror e a crueldade que foram os campos de concentração do governo do líder do Partido Nazista Adolf Hitler (1889-1945). O que o diferencia dos demais é o foco na vida da protagonista Cilka, após o fim da Segunda Guerra Mundial.


Fonte da imagem: https://m.media-amazon.com/images/I/81u50P3bwjL._AC_UF1000,1000_QL80_.jpg


Cecilia “Cilka” Klein foi tirada de sua casa na Tchecoslováquia (em 1993, dividiu-se em dois Estados: a República Tcheca e a República da Eslováquia) e enviada para Auschwitz, quando tinha apenas 16 anos, em 1942. Como muitos outros prisioneiros, teve apenas duas escolhas: sobreviver ou morrer. Quando o campo de Auschwitz foi libertado pela URSS, ela foi condenada a quinze anos de trabalho forçado pelo governo que a viu como espiã e colaboradora dos nazistas, devido ao trabalho forçado que desempenhava no campo.

Ela foi enviada para um dos campos de trabalho forçado na Sibéria, criados pelo revolucionário comunista Josef Stalin (1878-1953), para aprisionar, principalmente, opositores políticos, mas, no local, encontrava-se todo tipo de contraventor e, também, inocentes como a personagem principal.

No caminho para esta nova prisão, Cilka percebeu que a sua rotina não seria muito diferente do que era em Auschwitz. A comida era escassa, os alojamentos precários, trabalho insalubre nas baixas temperaturas da Sibéria e abuso por parte dos guardas e superiores. A diferença, era que se o prisioneiro não falecesse, estaria livre quando sua pena acabasse.

Conforme descrito por Morris e pelo escritor Alexandr Soljenítsin (que também foi prisioneiro em Vorkuta), tanto Stalin quanto Hitler tinham pensamentos parecidos, senão iguais, sobre os trabalhos nos campos de concentração e de trabalho. Estes campos tinham como objetivo eliminar pessoas, mas antes, extraíam tudo o que podiam delas através do trabalho. Além da forma parecida como seus campos funcionavam, ambos possuíam letreiros na entrada dos campos que consideravam como “motivadores”. No caso de Hitler de que “o trabalho liberta” e, para Stalin de “O trabalho na URSS é uma questão de Honra e Glória” e “Com punho de ferro, levaremos a humanidade à felicidade”.

A autora traz, no livro, este outro lado das consequências e problemas do pós-Segunda Guerra na União Soviética, onde muitas pessoas que escolheram obedecer aos nazistas para não morrerem, ou seja, que escolheram sobreviver, foram consideradas colaboradoras ou espiãs e enviadas para as planícies da Sibéria.

Cilka nos mostra a força de todas as mulheres que passaram pelos campos destes dois regimes e que, apesar de todas as adversidades, encontraram forças para sobreviver e nunca perderam a esperança de reencontrar seus familiares. Além disso, almejavam que um dia iriam poder viver suas vidas sem ter outras pessoas ditando todos os seus passos e ações.

 

----------------------------

Heather Morris (1953-) é uma autora neozelandesa best-seller #1 do New York Times. A autora é apaixonada por histórias de sobrevivência, esperança e resiliência. Morris trabalhava em um hospital quando conheceu Lale Sokolov, o tatuador de Auschwitz, que lhe disse que “talvez tivesse uma história para contar”. Após esse encontro, Morris lançou o livro O tatuador de Auschwitz, sobre a vida de Lale. Em seguida, publicou mais dois livros sobre sobreviventes de Auschwitz e, que de certa forma, conviveram com Lale: A viagem de Cilka e Três irmãs. Em 2024, Morris lançou seu quarto livro: As irmãs sob o sol nascente.

Laura Carolina Gusso Marques é formada em Administração, adora animais, música e é uma leitora voraz. Gosta de livros de ficção de todos os gêneros, mas tem uma queda por livros de romance que abordam sobre momentos históricos. Laura considera que é uma forma de adentrar melhor em como era a vida das pessoas, em determinada época, e por tudo que passaram, por uma perspectiva mais humana, e não apenas como narrativa dos acontecimentos em um livro de história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário