ALGUMAS DICAS SOBRE TRADUÇÃO TÉCNICA
Camila Rosa
Ainda que compartilhem o objetivo comum de comunicar ideias de um idioma para o outro, a tradução literária e a tradução técnica têm abordagens, técnicas e prioridades distintas.
A tradução técnica é uma atividade especializada que requer não apenas conhecimentos linguísticos dos idiomas de partida e de chegada, mas também um profundo entendimento da área abordada no texto-fonte. Esse campo de atuação envolve o trabalho com textos que lidam com terminologias específicas de diversas áreas, como direito, engenharia, biologia e medicina. Exemplos de textos que exigem traduções técnicas incluem manuais de instruções, especificações de produtos e textos legais.
Cada área tem seu próprio conjunto de termos, e estes muitas vezes não dispõem de equivalentes diretos em outros idiomas. Por isso, é fundamental que o tradutor esteja bem-informado sobre a terminologia específica da área em questão. Para tanto, recomenda-se o uso de glossários, dicionários técnicos e bancos de dados terminológicos – por vezes fornecidos pelo próprio contratante –, além de ferramentas de tradução assistida (CAT tools), como softwares de memória de tradução (OmegaT, Trados etc.). O conhecimento sobre a terminologia é um dos pilares da tradução técnica.
Interface do OmegaT. Esse software é uma CAT (computer-assisted translation) tool, isto é, uma ferramenta que visa auxiliar o processo de tradução, e não uma ferramenta de tradução automática. Ao utilizar o OmegaT ou outros programas de memória de tradução, o tradutor tem acesso a segmentos de texto já traduzidos por ele em projetos anteriores. CAT tools destinadas à memória de tradução auxiliam o profissional a manter a consistência terminológica e a gerenciar grandes volumes de texto, permitindo a reutilização de traduções anteriores.
O tradutor técnico deve se concentrar em transmitir o conteúdo de maneira precisa, sem se preocupar com aspectos estilísticos ou poéticos; o objetivo é garantir no texto-alvo a precisão e a clareza da informação técnica expressa no texto-fonte. Assim, tendo em vista a “função essencialmente pragmática e utilitária” (Cavaco-Cruz, 2012, p. 33) dessa modalidade tradutória, a criatividade torna-se limitada, priorizando-se o cumprimento de normas e padronizações técnicas.
Como dito anteriormente, o tradutor deve ter um entendimento terminológico da área em questão. Isso demanda do profissional extensa pesquisa, especialmente em razão da constante evolução da terminologia e das tecnologias nas diferentes áreas do saber. O tradutor precisa se atualizar sobre as novas práticas e as inovações das áreas em que atua para garantir que suas traduções reflitam o estado atual do conhecimento técnico.
A compreensão sobre o público-alvo também é crucial. O tradutor deve adaptar o texto de modo que ele seja compreensível e relevante para os leitores na língua de chegada. Isso inclui considerar o contexto cultural e o nível de especialização do público-alvo – um texto técnico voltado para engenheiros, por exemplo, tem uma linguagem diferente da de um manual de instruções destinado a um público leigo.
Referências
CAVACO-CRUZ, Luís. Manual prático e fundamental de tradução técnica. [S.l.]: Arkonte, 2012. E-book.
OMEGAT. Disponível em: https://omegat.org/pt_BR/. Acesso em: 13 out. 2024.
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Camila Rosa é editora de livros. Atua no mercado editorial há mais de 11 anos com materiais universitários, técnico-científicos e didáticos. Tem graduação em Letras Português e Inglês e especialização em Artes Híbridas e em Tradução.
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