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quinta-feira, 21 de novembro de 2019


ADAPTAÇÃO DE OBRAS LITERÁRIAS PARA O CINEMA

 

Amanda Ferreira Cilião – Curso de Letras (5.º Período)

Programa de Iniciação Científica

Centro Universitário Campos de Andrade – UNIANDRADE

Curitiba, Paraná, Brasil

Orientadora: Profa. Brunilda Reichmann, PhD

 

 
O cinema e a literatura são mídias que conversam entre si. Um livro pode ser visto como um ponto de partida para adaptação de um filme e ser considerada uma obra em si. Cada mídia tem suas características próprias. O filme não deve ser considerado cópia da obra literária, é do leitor e espectador o trabalho de aproximação.

Segundo Jean Epstein em O cinema e o diabo, a partir dos anos 80 leitores não são mais vistos como agentes passivos, mas como criadores de significado para o texto. Essa ideia pode ser aplicada também ao espectador. O texto só fala aos sentimentos através do filtro da razão. As imagens da tela limitam-se a fluir sobre o espírito da geometria para, em seguida, atingir o espírito de refinamento (EPSTEIN, 1983, p. 294).

As adaptações fílmicas estão muito mais presentes do que a maioria dos telespectadores acredita. Partindo do ponto que ler um livro e assistir um filme são duas experiências completamente diferentes, é comum que a história original não seja retratada integralmente e isso pode não agradar ao público leitor.

 

Na realidade um filme pode ter várias leituras, dependendo da sensibilidade do espectador, pois o filme admite metáforas e símbolos e é necessário o espectador entender mais do que apenas o conteúdo aparente da imagem para poder compreender todo o seu significado. (MARTIN, 2003, p. 92)

 

Partindo do pressuposto que o filme e o livro são mídias diferentes, respeitando esse aspecto, já é o primeiro passo para aceitar a nova obra. Mesmo sendo uma adaptação o filme é uma nova obra. Existem adaptações que não são bem aceitas pelo público e outras que são um verdadeiro sucesso. Romeu e Julieta (1996), dirigido por Baz Luhrmann, usa genialmente o texto original de Shakespeare, assim como Forrest Gump, O curioso caso de Benjamin Button, filmes diferentes dos livros, mas que conseguiram contar de forma magistral a história, contextualizar e emocionar tanto ou mais que o livro. Os filmes adaptados que são um sucesso levam os telespectadores que não leram o livro a procurá-lo pela ansiedade de saber mais sobre aquela história. O Senhor dos Anéis é um exemplo disso.

O filme O Senhor dos Anéis pode ser assistido como uma obra em si, sem ter lido os livros, pois é possível entender o contexto e a história assistindo os filmes. O mesmo pode ser dito de O Hobbit. Mesmo o filme sendo aclamado pela sua proximidade com a obra foram omitidos personagens e capítulos inteiros.

Mídias divergentes que embora dialoguem entre si, passam por um processo diferente de composição. Para escrever o roteiro de um filme adaptado, o escritor deve fazer uma imersão na obra fonte. É um processo longo e complexo e pode levar anos para ser finalizado. A insatisfação dos telespectadores vem do fato que nem toda obra pode ser adaptada e, além do mais, nem toda cena pode ser adaptada. No filme Adaptação (2002), dirigido por Spike Jonze, Nicolas Cage interpreta Charlie Kaufman o irmão gêmeo. Esse filme é um exemplo do processo e da imersão do roteirista na história.












 


Considerando que o filme é uma leitura que o produtor fez da obra, muitas vezes o espectador se decepciona, pois, o acervo cultural de cada indivíduo é diferente e as imagens e cenas não são concebidas da mesma forma por todos. Quando vemos um filme adaptado é a leitura particular do adaptador que deu origem ao roteiro.



Mesmo sendo uma prática habitual, não existe uma “receita” para escrever um roteiro que se transformará em um filme de sucesso. A aceitação do espectador é variada e a proximidade com o livro não garante a qualidade do filme adaptado.

 

 

REFERÊNCIAS

EPSTEIN, J. O cinema do diabo. In: XAVIER, Ismail (org). A experiência do cinema: antologia. Trad. Marcelle Pithon. Rio de Janeiro: Edições Graal: Embrafilme, 1983.

MARTIN, M. A linguagem cinematográfica. Trad. Paulo Neves. São Paulo: Brasilisense, 2003.

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