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quinta-feira, 21 de novembro de 2019

ADAPTAÇÃO FÍLMICA DE O BEBÊ DE ROSEMARY
 
 Autor: Felipe Eduardo Alves da Silva
Programa de Iniciação Científica de Letras
UNIANDRADE

Orientadora: Profa. Dra. Brunilda Reichmann
UNIANDRADE 

     O bebê de Rosemary é um romance de terror norte-americano, escrito por Ira Levin e publicado em 12 de março de 1967. O romance acompanha o casal Rosemary e Guy Woodhouse, que sofre as consequências de ter comprado um apartamento no Edifício Bramford, um condomínio conhecido por ter abrigado habitantes malquistos, como assassinos e adoradores de entidades satânicas. Roman Polanski – grande diretor de cinema – lançou em 12 de junho de 1968 a adaptação cinematográfica da obra, que se tornou um clássico.

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Como em qualquer adaptação, Polanski teve de ajustar o texto ao adaptá-lo ao cinema. Os cortes e alterações feitos por Polanski, como por exemplo, a remoção da personagem Margaret, – irmã de Rosemary – que não aparece no filme (no livro, ela é apenas mencionada em alguns momentos, por conta disso, é compreensível que a personagem tenha sido removida), assim como alguns eventos da trama que foram adiantados no filme, não interferem na compreensão do enredo ou no impacto da história.
Ao assistir ao filme, podemos perceber também que o cineasta tentou passar para a mídia cinematográfica detalhes importantes do texto de Levin, sendo que, grande parte dos diálogos da obra são transpostos na íntegra para o filme. Logo no início, temos a cena em que Rosemary e Guy se encontram com o porteiro do Edifício Bramford, que irá lhes mostrar o lugar, e o diálogo que se segue, é retirado por completo da obra literária, como podemos ver aos 02:40 de filme – o texto para a cena é retirado da página 9 da obra e acompanha um diálogo entre Guy e o porteiro a respeito da carreira daquele. Polanski também se preocupou com alguns mínimos detalhes descritos por Levin: alguns instantes depois, ainda na mesma cena, vemos o ascensorista do edifício tentando parar o elevador perfeitamente alinhado com o piso do andar em que o casal e o porteiro iriam descer, assim como descrito no livro, “O elevador parou e o ascensorista, sorridente, tratou de alinhá-lo com o piso externo, descendo, subindo, descendo um pouco mais, até o ajuste perfeito” (LEVIN, 1967, p. 10) – é possível ver a cena aos 03:24 minutos do filme.

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       Quando lemos a obra de Ira Levin, é possível sentir a emoção da personagem Rosemary durante a trama. O leitor fica tomado pela tensão e anseia pelos próximos atos. No filme de Polanski, a agonia da leitura pode ser sentida também através da excelente trilha sonora desenvolvida por Krzysztof Komeda, – responsável pelos temas horripilantes que podem ser ouvidos durante o filme.  Em cada momento de tensão, a música alcança tons grave e apavorantes, acentuando ainda mais o estranhamento do telespectador e valorizando ao máximo o trabalho dos atores e da equipe da filmagem.
Em relação ao posicionamento da câmera, ele é bastante variado durante as 2h16 de filme. Em alguns momentos, a câmera é fixa e com plano aberto, como quando há vários personagens em cena; em outros momentos, temos uma visão que acompanha o movimento dos personagens. Quando andam, a imagem vai seguindo a movimentação e em pouquíssimas cenas temos a visão de Rosemary Woodhouse exposta pelas lentes da câmera. Além disso, durante grande parte do filme, a câmera se move lentamente para cima e para baixo, dando uma sensação de maior realidade às cenas.
Como escreve Linda Hutcheon, em A teoria da adaptação (2006), “A adaptação pode ser descrita do seguinte modo: uma transposição declarada de uma ou mais obras reconhecíveis. Um ato criativo e interpretativo de apropriação/recuperação” (HUTCHEON, 2006, p. 30), ou seja, a adaptação é uma oportunidade para um diretor ou roteirista expor sua interpretação e utilizar de sua criatividade para dar vida a textos. Em O bebê de Rosemary, podemos ver nitidamente a paixão de Polanski pelo texto que inspirou o filme, ao transpor pequenos detalhes descritos na obra, ao transmitir a maneira como pressupunha ser cada personagem e ao suscitar no espectador sensações que o leitor vivencia durante o processo de leitura do texto-fonte. Essa resposta do espectador, parte da visão de Polanski sobre ao texto e de sua própria criatividade ao dar vida ao enredo e personagens criados por Levin.
O filme de Polanski é inigualável na história do cinema, e é possível perceber como ele quis manter sua obra próxima ao texto de Ira Levin, ao incluir detalhes importantes e essenciais da história em O bebê de Rosemary. A adaptação agrada não apenas aos fãs do livro, mas também aos críticos, tendo em vista que o filme foi avaliado com 97% de aprovação pelo Rotten Tomatoes, um dos portais de críticas de maior relevância dentre os conhecidos por toda a internet, e é considerado, até os dias de hoje, um dos maiores clássicos do cinema norte-americano e de todo o gênero de horror e suspense.
 

REFERÊNCIAS
HUTCHEON, Linda. Uma teoria da adaptação. Trad. André Cechinel. 2. ed.  Florianópolis: Ed. da UFSC, 2013.
LEVIN, Ira. O bebê de Rosemary. Trad. André Pereira da Costa. Edição brasileira. São Paulo: Manole, 2014.
ROSEMARY'S Baby. Direção de Roman Polanski. Estados Unidos da América: Paramount Pictures, 1968. (136 min.).

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